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Ex-seminaristas acusam arcebispo de Belém de abuso sexual

Suposto abuso sexual é alvo de inquérito aberto pela Polícia Civil a pedido do Ministério Público do Pará e também é investigado pelo Vaticano; vítimas tinham de 15 a 18 anos quando teriam sofrido os abusos


Por Redação Educadora Publicado 04/01/2021
Foto: Reprodução/ TV Globo

Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, é acusado por quatro ex-seminaristas de usar seu poder para investidas sexuais não consentidas durante encontros privados. O suposto abuso sexual é alvo de inquérito aberto pela Polícia Civil a pedido do Ministério Público do Pará e também é investigado pelo Vaticano.

Segundo relatos feitos pelas supostas vítimas ao programa Fantástico, da TV Globo, a casa onde vive Dom Alberto é o lugar onde eles passaram seus piores dias. O arcebispo costumava convidar os seminaristas para visitá-lo — e os jovens, impressionados, se sentiam privilegiados pela oportunidade. Mas foi ali que os abusos teriam acontecido.

“Ele dizia: ‘Quero conversar contigo tal dia, lá em casa’, lembra um ex-seminarista. “Parecia algo inalcançável. ‘Nossa! Eu fui chamado para ir à casa do arcebispo’. Você se sente importante naquele momento”, conta outro. A pedido das vítimas, que temem sofrer represálias, seus nomes e rostos foram preservados pela reportagem.

As histórias dos quatro jovens são muito parecidas: eles tinham de 15 a 18 anos quando teriam sofrido os abusos — moral e sexual —, entre 2010 e 2014. Parte dessas acusações já havia sido publicada pelo jornal El País em dezembro.

Uma das vítimas conta que conheceu o arcebispo em 2011, quando tinha 15 anos, e era coroinha. Depois de uma primeira conversa, Dom Alberto o encaminhou ao seminário menor, para iniciantes, onde ele também cursaria o Ensino Médio. A partir daí, segundo a vítima, eles começaram a se encontrar na casa do arcebispo.

“Era sempre sobre sexualidade“, diz ele sobre os encontros no quarto de Dom Alberto. “O primeiro ponto que ele sempre tocava era sobre a masturbação. Era sobre toque, se eu sentia desejo, por quem que eu sentia desejo”.

Os ex-seminaristas dizem que também encontravam o arcebispo na capela, onde a conversa costumava ser sobre vocação religiosa, e na sala, onde o assunto era focado na família e nos estudos.

“Quando ele me tocou, na minha parte íntima, disse que aquilo ali era normal, coisa do homem. Mas, assim, eu não via maldade, porque confiei muito, por ele ser uma autoridade, também não tinha experiência. Mas aquilo foi se tornando já permanente e já mais agressivo. Ele já me recebia na porta e já ia logo pegando”, afirmou o ex-seminarista sobre abusos de Dom Alberto.

Outra situação que se repetia, segundo os jovens, eram as conversas sobre uma suposta cura para a homossexualidade. Os ex-seminaristas relatam que o arcebispo lhes entregou um livro em que são descritos procedimentos para o que ele chamava de “tratamento”.

“Você lia o livro e dizia assim, que ser homossexual é uma doença, que a gente precisava ser tratado e ajudado”, disse uma das vítimas.

Os ex-seminaristas procuraram a Polícia Civil e o Ministério Público do Pará em agosto do ano passado. Em nota ao Fantástico, o MP disse ter recebido as denúncias e encaminhado à polícia, que confirma ter instaurado inquérito para investigar o caso. Como o processo corre em sigilo, ninguém pôde dar entrevistas.

A reportagem do Fantástico também teve acesso a informações que indicam que um bispo representante da Santa Sé, no Vaticano, esteve em Belém do Pará para apurar as acusações contra Dom Alberto. Ele teria conversado com os ex-seminaristas e com os padres que acompanharam o caso, além do próprio arcebispo.

Dom Alberto chegou a publicar um vídeo para se defender do que chama de “falsas acusações de imoralidade”, mas não citou o teor das denúncias.

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