Família denuncia que congolês foi espancado até a morte no Rio de Janeiro após cobrar salário atrasado
Segundo familiares do jovem, ele teria sido espancado até a morte após pedir salários atrasados no quiosque na Barra da Tijuca onde trabalhava como ajudante de cozinha
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte do congolês Moise Mugenyi Kabagambe, 24, encontrado sem vida na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na segunda-feira passada (24). Segundo familiares do jovem, ele teria sido espancado até a morte após pedir salários atrasados no quiosque onde trabalhava como ajudante de cozinha. A comunidade congolesa no Brasil divulgou uma carta de repúdio afirmando que Kabagambe foi espancado por cinco pessoas, entre elas o gerente do quiosque, com um taco de baseball.
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“Esse ato brutal não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas contra os estrangeiros”, diz a nota de repúdio, lembrando que o Brasil é signatário de convenções que garantem a proteção dos direitos humanos. “Por isso exigimos a justiça para Moise e que os atores do crime junto ao dono do estabelecimento respondam pelo crime! Combater com firmeza e vencer o racismo, a xenofobia, é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática.”
Segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, de 2011 a 2020, 53.835 pessoas foram reconhecidas como refugiadas no Brasil, das quais 1.050 delas eram congolesas, ou seja, 2% do total. São pessoas que buscaram abrigo no país fugindo de conflitos armados no Congo e de violações dos direitos humanos. No sábado (29), amigos e familiares do jovem fizeram uma manifestação em frente ao quiosque. Eles seguravam cartazes pedindo justiça e dizendo que a comunidade congolesa no Brasil não vai se calar.
“Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Mataram ele. Quero só justiça”, disse Ivana Lay, mãe do jovem, ao “Bom Dia Rio”, da TV Globo. “Uma pessoa de outro país que veio para cá para ser acolhido e vocês matam ele porque pediu o salário? Porque ele falou que estão devendo?”, questionou Chadrac Kembilu, primo de Moise.
Nas redes sociais, a morte do jovem gerou comoção. “Esse ato brutal não manifesta somente racismo estrutural da sociedade brasileira, mas também a xenofobia em sua pior forma. Exigimos justiça para Moise, seus familiares e amigos”, publicou nas mídias sociais o Instituto Marielle Franco.
“Absurdo, revoltante e inaceitável o caso do imigrante congolês Moise que estava apenas cobrando o pagamento de seu salário num quiosque na Barra da Tijuca e foi assassinado a pauladas. O racismo segue destruindo vidas em nosso país! Queremos justiça!”, escreveu a ex-deputada Manuela d’Ávila (PCdoB).
Em nota, a Polícia Militar diz que policiais passavam pelo local do crime, no dia 24, quando avistaram uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e decidiram verificar o que estava acontecendo. Como Moise já estava morto, os agentes acionaram então a Polícia Civil para investigar o caso. A Polícia Civil, por sua vez, afirma que analisou câmeras de segurança para apurar o crime e identificar os responsáveis. A Folha entrou em contato com o quiosque Tropicália, onde Moise trabalhava, mas não obteve resposta até a conclusão da reportagem.
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