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Hospital entrega rim de paciente em saco plástico para família levar ao laboratório

Órgão foi retirado para realização de uma biópsia. Diretor do hospital foi exonerado do cargo após a repercussão do caso em Lauro de Freitas (BA).


Por Folhapress Publicado 28/07/2022
Foto: Reprodução/TV Globo

O diretor de um hospital da rede estadual na Bahia foi exonerado após a repercussão do caso em que funcionários da unidade entregaram o rim de um paciente em um saco plástico para que a família o levasse a um laboratório para fazer biópsia no órgão.


A publicação do desligamento de Ramon Nelson Bezerra de Lima Souza do Hospital Menandro de Farias está no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira (27). Assume o cargo Vicente Miranda Borges, que também vai acumular a função de diretor-geral da unidade.


Por meio de nota, a Sesab (Secretaria da Saúde da Bahia) não confirma se a exoneração do antigo gestor está relacionada ao episódio. A pasta apenas disse que “a mudança no Hospital Menandro de Farias foi uma decisão a fim de aperfeiçoar a assistência na unidade”.

JOVEM DE 21 ANOS FOI BALEADO EM LAURO DE FREITAS, NA GRANDE SALVADOR


O entregador por aplicativo Jeferson Oliveira Bispo, 21, perdeu um rim por causa de um ferimento a bala depois que homens armados o abordaram enquanto ele passava pelo bairro Itinga, em Lauro de Freitas, na Grande Salvador, na sexta-feira (22).


Depois do ataque, o entregador foi para uma UPA, mas, devido à gravidade do ferimento, precisou ser transferido para o hospital local.


De acordo com o pai da vítima, o pedreiro Luciano Bispo, 45, no sábado (23) a namorada de Jeferson foi visitá-lo na unidade. Quando funcionários do hospital informaram que ela precisaria pegar “uma peça do namorado” após a cirurgia de urgência.

Jovem baleado na Bahia perde rim e hospital entrega órgão em saco plástico à família
Jeferson Oliveira Bispo foi baleado e teve um rim comprometido


“Foram dois sustos. O primeiro, a tentativa de homicídio. Depois, uma falta de respeito com a família”, indignou-se o pai do paciente, a quem a nora entregou o órgão recebido do hospital, porque a unidade teria informado não dispor de laboratório de anatomia patológica.


De acordo com a Sesab, as unidades do estado “possuem sim o serviço de anatomia patológica, atreladas aos serviços de laboratório”.

“As que não possuem serviço próprio, que é a grande maioria, possuem o serviço terceirizado”, informa a nota.


O comunicado da pasta diz, ainda, que “a terceirização do serviço de laboratório é algo que tem acontecido no Brasil inteiro, em virtude da economicidade e ganho de qualidade no serviço”.

“É benéfico para o Estado e para o paciente.”


CHEIRO FORTE

Mergulhado em um “líquido de cheiro muito forte”, de acordo com a família, o rim de Jeferson passou o fim de semana na casa dos pais da vítima, em uma mesa.

“Não sabíamos nem como proceder. O cheiro do produto era tão forte que nem conseguimos dormir”, disse o pai.


Trata-se do “material conservante (folmoaldeído) que é uma substância que impede a proliferação de microrganismos e, portanto, o apodrecimento” da peça anatômica. Afirmou a pasta no mesmo comunicado.

RIM PARA BIÓPSIA


Num primeiro momento, a secretaria disse que a unidade teria instruído a família sobre a que lugar levar o rim para fazer a biópsia pelo SUS. Já na terça (26), a pasta admitiu que houve “uma falha no fluxo do atendimento, que já foi corrigida”.


Sem saber como proceder, o pai diz que consultou diversas pessoas, até que sugeriram registrar o ocorrido na delegacia de Portão, na mesma cidade, no sábado.

“Lá, não levaram a sério, disseram que era normal, que era perda de tempo e para irmos para casa”, disse.


Depois da saga da família por atendimento nas repartições públicas durante o fim de semana, o rim de Jeferson retornou ao hospital na segunda (25). A Sesab disse, no entanto, que o estado providenciaria a biópsia no rim do paciente.


Por nota, a Polícia Civil da Bahia afirmou que não coaduna com as atitudes relatadas e que disponibiliza canais para que sejam formalizadas denúncias de mau atendimento. O texto diz ainda que a polícia investiga a conduta dos profissionais da unidade de saúde.

ESTADO DE SAÚDE DO JOVEM


Segundo o pai de Jeferson, o filho passa bem, está com um quadro de saúde estável, sem risco de morte.


“Pelo menos, o hospital reconheceu o erro, mas, mesmo assim, vamos acionar a unidade na Justiça para que isso não volte a ocorrer”, afirmou.

PM PRENDEU SUSPEITO DE HOMICÍDIO


Por fim, de acordo com informações da PM da Bahia, no mesmo dia em que Jeferson foi baleado um adolescente foi preso como um dos suspeitos de envolvimento na tentativa de homicídio contra o entregador.

FRANCO ADAILTON
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS)

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