Maestro João Carlos Martins ganha luvas biônicas e volta a tocar
É mais um caso de superação na vida do músico
O maestro e pianista brasileiro João Carlos Martins postou um vídeo no Facebook tocando piano com um par de luvas biônicas, que ganhou de presente neste Natal.
É mais um caso de superação na vida do músico. Em fevereiro ele passou pela 24ª cirurgia, nos nervos do braço esquerdo, para interromper dores crônicas e os médicos disseram que o maestro não poderia mais tocar piano, porque a mobilidade ficaria reduzida.
Só que o presente que João Carlos Martins recebeu neste Natal fez o maestro tocar novamente e está comovendo as redes sociais.
O vídeo, postado neste dia 24, já teve mais de 60 mil visualizações, mais de mil comentários e 10 mil curtidas.
O presente
João Carlos Martins recebeu as luvas biônicas de Ubiratan Bizarro Costa, um designer industrial automotivo e professor de desenho de São Paulo.
“Órteses que projetei para o maestro João Carlos Martins. A arte de João não pode parar”, escreveu Ubiratan no Instagram, ao lado da foto do presente (veja abaixo)
“São luvas adaptadoras que ajudam a flexionar os dedos. As hastes pretas sobre cada dedo funcionam como molas. Quando o maestro aperta as teclas do piano para baixo, as hastes flexíveis puxam para cima, retornando os dedos novamente para a posição normal”, explicou Ubiratan em entrevista ao SóNotíciaBoa.
“Um pequeno presente de Natal do maestro e também estudante de piano, com as “mãos biônicas” do Bira de Sumaré. É só um primeiro passo. Vamos caminhando!!!!”, escreveu João Carlos Martins.
Superação
João Carlos Martins é conhecido pela história de superação, após vários acidentes e problemas que teve com suas mãos – direita e esquerda – ao longo da carreira de sucesso. O maestro teve que parar de tocar por diversas vezes.
A saga começou após um acidente numa partida de futebol, em 1965, durante um treino da Portuguesa, realizado no Central Park, em Nova Iorque.
Ele foi convidado para integrar o time, mas teve uma queda, que perfurou seu braço direito na altura do cotovelo, atingindo o nervo ulnar, provocando atrofia em três dedos, o que o obrigou a parar de tocar por um ano e fez com que ele tocasse com dificuldades até os 30 anos.
De volta ao Brasil, o músico acabou envolvido com o boxe por 7 anos, empresariando Eder Jofre, bicampeão mundial de boxe.
O maestro voltou aos palcos, com muita dificuldade, e depois de longos períodos de fisioterapia, recebeu criticas positivas, e foi aclamado pelo público.
Mas acabou desenvolvendo distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, conhecido como Dort, o que o fez sair do palco mais de uma vez.
Ele fez várias adaptações para continuar tocando, de 1979 a 1985, gravou dez primeiras gravações da obra de Bach, mesmo com todas as sequelas.
Porém voltou a sentir o membro superior direito. João Carlos fez trabalhos de reprogramação cerebral para movimentar a mão direita e a fala após um assalto em 1995, na cidade de Sófia, na Bulgária.
Em 2001, ele gravou o álbum Só para Mão Esquerda, escrito por Maurice Ravel para Paul Wittgenstein que perdeu o membro direito na Primeira Guerra Mundial.
A intenção era de gravar 8 álbuns apenas para a mão esquerda. Mas com o passar dos anos desenvolveu no membro superior saudável, o esquerdo, uma doença chamada contratura de Dupuytren, provocada pela própria contratura, o espessamento da fáscia palmar.
Fora submetido de novo a um procedimento cirúrgico, que não impediu que perdesse os movimento da mão esquerda, inviabilizando tocar piano.
E ele não desistiu. O maestro continuou na carreira, foi homenageado pela Vai-Vai, escola de Samba de São Paulo vencedora com o enredo ” A música venceu”, regendo a bateria em plena Avenida.
Em 2012 João se submeteu a uma cirurgia para a implantar de dois eletrodos do cérebro, com um estimulador eletrônico no peito, para recuperar os movimentos da mão esquerda, já que estava com a distonia bem avançada, atingindo todo o braço e não abria a mão há 10 anos
Em 2017, o maestro executou o Hino Nacional brasileira durante a abertura dos Jogos Paralímpicos de 2016.
Em agosto de 2017, foi lançado o filme “João, o Maestro”, dirigido por Mauro Lima com os atores Davi Campolongo, na infância, Rodrigo Pandolfo, na juventude, e Alexandre Nero, na idade adulta.
Por Andréa Fassina, da redação do SóNotíciaBoa
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