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No Dia de Finados, famílias de vítimas de covid conseguem finalmente velar mortos

O velório, que tem de ser feito às pressas por protocolo sanitário, acaba sendo realizado meses depois


Por Folhapress Publicado 02/11/2020

Para muitos dos parentes mortos pela Covid-19, esta segunda-feira (2), Dia de Finados, foi o primeiro momento em que foi possível prestar uma homenagem e se despedir com calma. O velório, que tem de ser feito às pressas por protocolo sanitário, acaba sendo realizado meses depois.

“Só agora estamos conseguindo nos despedir com calma”, afirma a modelista Cristiane Marques, 40. Com o marido e o irmão, eles prestaram homenagens à mãe, Lenice Marques, que morreu há um mês, com 71 anos de idade, depois de 14 dias internada com a doença.

Esta foi a primeira vez que os três visitaram o cemitério da Vila Formosa, na zona leste da capital paulista, onde a idosa está enterrada. “Na época, foi só o reconhecimento do corpo. Foi ainda mais complicado [aceitar a morte], porque queríamos ficar mais tempo com ela, nos despedir melhor, mas não foi possível”, diz Fábio Marques, 38.

Além da pressa para o enterro, os irmãos dizem, o dia foi ainda mais difícil porque eram muitos ao mesmo tempo. “Pode ver que, ao redor, são várias datas iguais à dela.” Exatamente por isso, segundo Cristiane, eles resolveram visitar o local cedo da manhã, quando poucas pessoas estavam no cemitério.

Para Aparecida Fernandes, 56, ir ao cemitério São Luiz, zona sul da ciade, é uma forma de se sentir mais perto do marido, João Estrela. A última vez que o viu foi no meio de maio, quando deu entrada no hospital onde ficou internado por 20 dias, até que morreu pela covid-19.

“Quando chegamos aqui no dia do enterro, não tivemos nem 10 minutos com ele, o caixão estava lacrado, eu não o vi. Sei que hoje, aqui, estão só os restos mortais dele, mas é uma visita ao homem que amei tanto, com quem passei 39 anos.”

Devido aoi diabetes e à bronquite, Aparecida não voltou ao cemitério depois do enterro, pois também é grupo de risco para a doença. Ainda assim, não quis deixar de fazer a visita no Dia de Finados, como forma de se despedir com calma.
O motoboy José Roberto Macedo, 32, também não conseguiu se despedir do pai no dia do enterro, Sebastião Carlos. Ele morreu em maio com a doença, depois de internado por 15 dias. “Foi muito ruim, muito difícil. Vir para cá [cemitério São Luiz] é uma chance de fazer isso.”

Visitas no Dia de Finados No primeiro Dia de Finados desde o início da pandemia, muitas pessoas buscaram horários alternativos para evitar aglomeração. Marlene Reis, 36, foi uma delas. Por volta das 8h30, a auxiliar de produção já deixava o cemitério da Vila Formosa depois de visitar os túmulos de parentes.
“Viemos cedo justamente para tentar pegar o espaço vazio e fazer isso com tranquilidade e segurança.” Na entrada, teve a temperatura medida e recebeu álcool gel, e isso, diz, a deixou menos insegura.

Silvio Ramos, 48, também teve receio de ir ao cemitério São Luiz na data. “Tem muita gente aqui hoje. Quando cheguei, não tinha nem onde estacionar o carro.” Ele diz que só ficou tranquilo depois de chegar à área dos túmulos, porque, na entrada, havia muitas aglomeração, mas elogiou a cobrança de máscara e medição de temperatura na chegada.

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