Quarentena em Anápolis de brasileiros retirados da China tem clima de hotel
Ontem, o governo fez uma apresentação da base que servirá para mantê-los na quarentena por 18 dias. O voo com os brasileiros saiu de Wuhan, na China
Naqueles quartos que receberão famílias com crianças, foram colocados berços, um azul, outro rosa, com um presente embrulhado para cada um. O clima é de um hotel. Uma brinquedoteca foi montada para entreter os pequenos. Na área de alimentação, os repatriados servirão a própria comida e cada um deverá comer em seu quarto. Não haverá garçons.
Uma área verde também ficará acessível para que os 31 brasileiros possam circular e tomar sol em uma área delimitada da base – sempre usando máscara cirúrgica. O grupo também terá internet, videogame e uma fanfarra da Força Aérea tocará música na frente do local uma vez ao dia. A tentativa é de transformar a quarentena no melhor ambiente possível.
Ontem, o governo fez uma apresentação da base que servirá para mantê-los na quarentena por 18 dias. O voo com os brasileiros saiu de Wuhan, na China, na tarde de ontem. Uma parada está prevista em Varsóvia, na Polônia, onde seis pessoas daquele país vão desembarcar. A previsão é de que a chegada dos 31 brasileiros em Anápolis ocorra na madrugada de domingo. Entre os repatriados estão crianças de 1, 2, 3, 7 e 12 anos. Em Brasília, após reunião para se inteirar da operação de resgate, o presidente Jair Bolsonaro destacou o trabalho do governo para buscar o grupo mesmo com poucos recursos. “Queremos passar a informação clara ao Brasil de que não existe risco”, afirmou, após reunião no Ministério da Defesa.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a Operação Regresso está funcionando da forma planejada e “não há nenhum improviso”. “Esse tipo de operação também deve servir como aprendizado para nós. Em vez de apontarmos o dedo para a China, temos de aprender com ela”, disse, ao falar sobre as operações de saúde que já foram realizadas pelo governo chinês.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que participou da vistoria técnica, disse que “Goiás mostra como nós, brasileiros, devemos nos comportar em um momento como esse”. Mais tarde, ele criticou o presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), o ex-deputado emedebista Sandro Mabel, por se opor à recepção. Pelo Twitter, o governador afirmou que Mabel é “mercenário, canalha e desumano”. Mabel e a Fieg criticaram o uso da base. “A população goiana não suportaria outro trauma como o que ocorreu com o acidente com o Césio 137 (acidente com contaminação radiológica em 1987).”
Além dos 31 resgatados em Wuhan, outras 27 pessoas que compõem a tripulação, médicos e equipe de comunicação também deverão ficar em quarentena pelo prazo de 18 dias. Três vezes ao dia, cada pessoa terá de passar por exames médicos, a fim de verificar sinais vitais e demais sintomas que possam surgir. O protocolo determina que, caso uma pessoa apresente qualquer tipo de comportamento que indique a manifestação do vírus, ela será imediatamente levada para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, a 140 km de Anápolis.
Embarque
A estudante Indira dos Santos, de 34 anos, relatou ao pai, José Rubens Campos, a emoção do embarque. “Foi emocionante de verdade Quando a gente entrou no avião, disseram ‘bem-vindo ao Brasil'”, escreveu Indira, que faz doutorado em Economia e vive na China há cerca de um ano.
Já o servidor público aposentado José Neves de Siqueira Junior, pai do estudante Vitor de Siqueira, de 28 anos, foi para Anápolis mesmo sabendo que não poderá ter contato com o filho pelas próximas semanas e fez até uma carta de agradecimento às autoridades. “Nós estamos extremamente ansiosos. Formamos um núcleo pequeno de pais que estão aqui para que eles saibam que, mesmo sem poder abraçá-los agora, se sintam fortalecidos ao saber da nossa presença”, disse ele, de Belo Horizonte. O jovem faz especialização em mandarim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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