São Paulo suspende enterros em cemitério por falta de espaço
No domingo (28), a capital registrou o maior número de enterros de sua história em um único dia: 392, incluindo cremações. Outros 381 foram realizados nesta segunda-feira (29).
À beira de atingir a marca de 400 enterros diários, a cidade de São Paulo não vai contar com todo o espaço de um de seus maiores cemitérios no pior momento da pandemia de covid-19.
O Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade, suspendeu temporariamente os enterros em sua quadra geral, a mais requisitada, por falta de espaço. A quadra geral é o espaço onde os corpos são enterrados em valas comuns.
No domingo (28), a metrópole registrou o maior número de enterros de sua história em um único dia: 392, incluindo cremações. Outros 381 foram realizados nesta segunda-feira (29).
O Cachoeirinha foi o terceiro espaço que mais fez enterros nos dois primeiros meses deste ano, atrás apenas dos cemitérios de Vila Formosa, na zona leste, e São Luiz, na zona sul.
Segundo o Sindicato dos Servidores Municipais, a unidade vai paralisar os enterros na quadra geral para concentrar todos os esforços nas exumações, única forma para abrir espaço para enterros num momento de grande demanda.
O serviço funerário da gestão de Bruno Covas (PSDB) disse que continuarão sendo realizados apenas os enterros de quem já tem túmulos, na área sob concessão, e de crianças.
“A medida consta do Plano de Contingenciamento Funerário, apresentado publicamente em 2020, e foi definido com base em critérios logísticos com base no número de óbitos ocorridos em 24 horas na cidade, que enfrenta pandemia e está em fase de emergência, conforme determina o Plano São Paulo”, diz a autarquia por meio de nota.
As exumações serão realizadas numa quadra para a retirada de ao menos 1.056 restos mortais que estão enterrados há quatro anos. Segundo o Serviço Funerário, o procedimento é realizado a cada três anos, para corpos de pessoas adultas, e a cada dois anos, para crianças de até seis anos. O período é estipulado a partir da data de sepultamento.
“Mas é muita falta de planejamento”, reclama João Batista Gomes, o representante dos sepultadores no Sindicato dos Servidores Municipais. Para ele, o serviço funerário paulistano errou ao incluir o Vila Nova Cachoeirinha entre as quatro necrópoles que passaram a realizar enterros noturnos. “Se eles já sabiam que não tinha vaga, não faz sentido ter incluído essa unidade nessa programação”, afirma.
As unidades 1 e 2 de Vila Formosa, o cemitério São Luiz e o Vila Nova Cachoeirinha estão desde a semana passada com horário estendido de funcionamento para dar conta do aumento dos enterros provocado pela pandemia.
A empresa Era Técnica Engenharia foi contratada, sob dispensa de licitação, para fornecer torres de iluminação para auxiliar o trabalho dos sepultadores durante a noite.
A mesma empresa também acabou sendo contratada para fornecer vans escolares adaptadas para o transporte dos corpos no trajeto entre os necrotérios dos hospitais e os cemitérios. A medida, segundo o serviço funerário, busca diminuir o tempo de espera das famílias para a realização de enterros.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (29), Alexandre Modonezi, o titular da secretaria de Subprefeituras, disse que a maior cidade do país está organizada para atender “o aumento da demanda nunca antes vista” e que não vai faltar área para enterros.
Ele citou duas grandes áreas, nunca utilizadas, no cemitério de Itaquera, na zona leste, que serviriam de escape para desafogar os cemitérios mais demandados.
A reportagem apurou que os cemitérios de Perus e Santana vão absorver a demanda de Vila Nova Cachoeirinha até que a unidade volte a fazer os enterros em suas quadras gerais.
Modonezi tem a palavra final nas decisões, mas quem faz a gestão do serviço funerário paulistano há menos de duas semanas é o advogado Pedro Henrique Dias Barbieri.
Barbieri deixou a chefia de gabinete da autarquia e virou superintendente do serviço no lugar de Dário José Barreto, nomeado por Covas para assumir a subprefeitura de Santana/Tucuruvi.
Reportagem da Folha de S.Paulo, de 2018, mostrou que Barbieri entrou no serviço público paulistano por ter sido colega da turma de faculdade do braço direito de Covas, Gustavo Garcia Pires.
Barbieri integra os quadros da prefeitura desde 2017 e, de lá para cá, já recebeu promoções e aumentos salariais. É um militante do PSDB, partido de Covas.
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