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Mortes por consumo de álcool de posto são registradas na região de Piracicaba, diz Unicamp


Por Redação Educadora Publicado 17/08/2023
Mortes por consumo de álcool de posto são registradas na região de Piracicaba, diz Unicamp
Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

O Ciatox (Centro de Informações e Assistência Toxicológicas) do Hospital das Clínicas da Unicamp divulgou um alerta sobre a intoxicação de pelo menos dez pessoas por metanol associado à ingestão de álcool de posto de gasolina.

De acordo com o estudo, foram identificados 14 casos de intoxicação na região de Campinas, sendo que quatro deles aconteceram em cidades da RMP (Região Metropolitana de Piracicaba).


Segundo os dados do centro, foram registrados dois casos em Limeira, com uma morte e um não letal; uma morte em Rio Claro e um em Araras, não letal.

Outros casos foram relatados em Campinas (duas mortes e uma intoxicação não letal), Sumaré (duas mortes), Itu (uma morte) e Jundiaí (uma morte). As informações foram apresentadas durante coletiva de imprensa, realizada na manhã desta quinta-feira (17).


“O presente alerta representa uma situação grave, uma possível ‘ponta de iceberg’ quanto ao número de casos semelhantes ocorridos ou ocorrendo na região e, provavelmente, em outros estados do país”, citou documento assinado pelos cientistas do Ciatox. “


De acordo com o coordenador associado do Ciatox, Fábio Bucaretti, em pelo menos dez casos, a intoxicação aconteceu pela ingestão do metanol. A substância está associada à adulteração de combustíveis, principalmente o etanol hidratado. “Dos 14 casos analisados, nós temos a confirmação de que dez foram por intoxicação por metanol, que se converte em ácido fórmico e pode ser fatal” disse Bucaretti.


O professor disse, portanto, que a ingestão do etanol pelas pessoas está associada ao vício e crises de abstinência, além da condição financeira das vítimas. Em dois casos, as vítimas eram pessoas em situação de rua e, em outros dois, eram moradores de abrigos que atendem a pessoas em vulnerabilidade social. “A abstinência alcoólica e a dificuldade financeira de obtenção de bebidas legalizadas estão entre as motivações que levam essas pessoas a consumir álcool de postos de combustíveis”, disse.


Além disso, o grupo informou que os pacientes foram expostos a amostras de etanol com presença de metanol acima do limite permitido por lei, que é de 0,5%. “Nesse sentido, nos parece necessária a investigação da origem do metanol e tipo de alteração do combustível pelos órgãos competentes”, afirmou.

TRATAMENTO
Ainda de acordo com o estudo, nos casos em que um antídoto foi empregado para o tratamento, o medicamento foi cedido pela farmácia do Hospital das Clínicas, “indicando a carência desse produto na rede regional de atendimento a urgências e emergências do SUS, resultando em atraso do início da admnistração do antídoto”, citou a pesquisa.


“Temos que chamar a atenção para a rede de saúde que atende a esses casos. Precisamos ficar atentos a esses casos, porque não é um diagnóstico muito fácil de se fazer. Ele precisa ser pensado, precisa se ter a ideia de que esse tipo de intoxicação pode estar acontecendo”, disse o professor Eduardo Capitani, que participou da pesquisa. “Ela pode ser uma intoxicação por etanol, ou outro solvente, ou um medicamento que deprima o sistema nervoso central e cause um quadro parecido. Então, é preciso estar em alerta”, concluiu.

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