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SP registra 279 ameaças a escolas na semana em que aluno matou professora


Por Folhapress Publicado 07/04/2023
A carta é endereçada à mãe, ao irmão, à tia e à avó. Não há menção ao pai, que estava na delegacia nesta terça-feira (28) enquanto o adolescente prestava depoimento.
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SP registra 279 ameaças a escolas.

O aumento das ameaças de atentados a escolas nas últimas semanas, logo após o ataque que resultou na morte de uma professora na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, tem levado autoridades e especialistas a alertar para o risco de que o caso inspire novas ondas de agressões.


O crime ocorreu na manhã de 27 de março, uma segunda-feira, na escola estadual Thomazia Montoro. Na própria data do atentado e nos quatro dias seguintes, a Polícia Civil registrou 279 ameaças ou suspeitas de possíveis planos de novos atentados a escolas em todo o estado.


Trata-se de um aumento expressivo no número de casos. De janeiro até o dia 26 de março, haviam sido registradas 82 ameaças do mesmo tipo -em média, quase sete casos por semana.


Cerca de 20% das ameaças feitas após a morte da professora Elisabeth Tenreiro, 71, ocorreram na Grande São Paulo e foram registradas na área do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), que abrange as cidades que integram a região metropolitana, exceto a capital.

A polícia não informou se os casos incluem escolas particulares e municipais ou se apenas unidades estaduais.


Três adolescentes foram apreendidos na semana passada com facas, máscaras e bandanas, além de celulares e cadernos de anotação. Esses casos ocorreram nas cidades de São José dos Campos, Caçapava e Tupã, no interior paulista.


A polícia afirma que, entre os dias 11 e 12 de março, duas semanas antes do ataque na escola na Vila Sônia, frustrou “dezenas de possíveis atos violentos em escolas”.

As investigações desses casos resultaram no cumprimento de sete mandados de busca e apreensão nas casas de suspeitos.
Já em relação às 279 ameaças, a secretaria não informa quantas se mostraram consistentes e motivaram o registro de boletins de ocorrência ou abertura de inquéritos.

Essas situações ocorreram tanto dentro das escolas, com bilhetes e mensagens escritas nas paredes, por exemplo, quanto na internet.


O secretário da Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, disse em artigo publicado na Folha que, no mesmo dia do atentado em São Paulo, cinco jovens foram flagrados com armas brancas em escolas de todo o estado, e uma mensagem com ameaças foi escrita na parede do banheiro de uma unidade na capital.


Para Derrite, as ocorrências são sinais de que a morte da professora inspirou potenciais agressores. “Todos ostentando símbolos, linguagem e máscaras iguais”, ele escreveu.


Em uma escola estadual a menos de dois quilômetros da Thomazia Montoro, no dia seguinte ao ataque, uma criança de apenas dez anos usou uma faca de papel para simular um ataque semelhante ao da unidade vizinha.


Um dia após o ataque na escola vizinha, ele usou um origami feito pelo colega em formato de adaga e avançou contra uma colega pelas costas – da mesma forma como a professora foi morta, como mostram imagens de uma câmera de segurança que circularam amplamente.

O caso acabou registrado no 34º DP (Vila Sônia) pela direção da escola.


Nos Estados Unidos, estudos já apontaram para o risco de que a cobertura midiática sirva de canal para inspirar novos ataques.

Um dos fatores identificados em pesquisas é que os autores desse tipo de atentado buscam justamente alcançar notoriedade com os crimes, e a repercussão dos ataques serve como recompensa.


O pesquisador Ivan Marques, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, defende cautela na análise dessas estatísticas. “Esse número de ameaças [279 em todo o estado] parece bastante inflado, e precisamos lembrar que a dinâmica nesse tipo de caso é de buscar publicidade e notoriedade”, diz. Para ele, parte dos registros podem ser bravatas ou até mesmo uma tática de criminosos para levar o efetivo policial de uma área para outra.


Ele lembra que os ataques a escolas são menos comuns do que vários tipos de crimes.

“São eventos raros, tem muito mais casos de chacina no Brasil do que ataques em escolas, e o mesmo vale para os Estados Unidos, onde ocorrem há mais tempo”, diz o pesquisador.


Para Marques, o método mais eficaz para prevenir esse tipo de crime deve envolver as comunidades escolares e a rede de apoio psicológico.

SP registra 279 ameaças a escolas


Ele afirma ser crítico do aumento do patrulhamento como resposta para esses ataques, pois considera que a prevenção a eles não é dever apenas da polícia.


“É preciso ter uma cooperação entre agentes do campo educacional junto com a parte investigativa, que é o trabalho de inteligência dentro de redes virtuais que promovem ódio”, diz o pesquisador.


A SSP disse, em nota, que atualmente há 566 policiais militares que atuam na Ronda Escolar, que patrulha o entorno de unidades educacionais. Esses policiais estão permanentemente em contato com as direções das escolas, diz a secretaria. Em algumas escolas, o policiamento ainda é reforçado por um programa que paga diárias especiais a agentes de folga.


“A Polícia Militar reuniu os comandantes das companhias de área com os diretores escolares para discutir a ampliação dos programas e estratégias de combate a agressores ativos”, disse a SSP.

“A gestão estadual também estuda contratar policiais da reserva para que eles fiquem de forma permanente nas escolas.”

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