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Educação como ato político: o legado de Paulo Freire no centenário do educador

Freire completaria cem anos neste domingo (19), e é considerado o "patrono da educação brasileira"


Por Redação Educadora Publicado 19/09/2021
Foto: Divulgação

Entre campanhas de alfabetização, livros escritos, políticas públicas elaboradas e tiradas do papel, Paulo Freire espalhou a semente de uma pedagogia para todos, na qual as pessoas são consideradas agentes do conhecimento. Neste processo, a educação se relaciona com os contextos sociais a partir da consciência crítica e da criatividade de professores e alunos.

Freire completaria cem anos neste domingo (19). Inspiração para gerações de professores e pesquisadores, o pedagogo recifense e cidadão do mundo desenvolveu programas de alfabetização em diversos territórios, incluindo países da África, como Moçambique e Guiné-Bissau, e da América Latina, dentre os quais Chile e Nicarágua. No Brasil, o denominado patrono da educação elaborou o Plano Nacional de Alfabetização tendo como inspiração uma experiência anterior, na qual ele conseguiu ensinar 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, no Rio Grande do Norte.

O presidente João Goulart havia programado a implantação de um projeto de formação de educadores em massa, com 20 mil núcleos de cultura, mas o golpe civil militar de 1964 enterrou essa possibilidade e encarcerou o pedagogo por 70 dias. Freire foi classificado como “um dos maiores responsáveis pela subversão imediata dos menos favorecidos”, segundo documentos oficiais da época. Quando recuperou a liberdade, partiu para o exílio, de onde foi lançado seu livro mais lido (“A Pedagogia do Oprimido”), retornando ao Brasil somente na década de 1980.

Anos mais tarde, na década de 1990, na condição de secretário municipal de Educação de São Paulo, no governo da prefeita Luiza Erundina, ele finalmente teve a chance de concretizar políticas públicas, entre elas o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova), até hoje referência nacional. Paulo Freire, nesse e em outros contextos, destacava a educação como um ato político: “Professores e alunos devem estar cientes das ‘políticas’ que cercam a educação. A forma como os alunos são ensinados e o que lhes é ensinado serve a uma agenda política”, dizia.

Recentemente, muitos dos debates envolvendo a educação estiveram dominados por posições conservadoras e que, muitas vezes, confundem a opinião pública — a exemplo da bandeira da “escola sem partido” ou a defesa intransigente da militarização das instituições de ensino. Essas posições convergem para o que Freire definiu como “cultura do silêncio”, utilizada para oprimir setores vulneráveis, submetendo-os aos interesses da cultura e da classe dominantes. Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, mas suas ideias batem forte no coração de brasileiros envolvidos com diferentes formas de educação no país.

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