PF mira “Reis do Crime” de Limeira: Irmãos do PCC enviavam cocaína à Europa em veleiros
Eles são apontados como lideranças expressivas do PCC e estariam controlando o envio de toneladas de cocaína para a Europa utilizando barcos à vela

A Polícia Federal (PF) deflagrou na última terça-feira (29) a Operação Narco Vela, uma das maiores ofensivas da história no combate ao tráfico internacional de drogas realizado por facções brasileiras. No foco da ação estavam os irmãos de Limeira (SP), Levi Adriani Felício e Rodrigo Felício, conhecidos como os “reis do crime”, figuras centrais no esquema do Primeiro Comando da Capital (PCC) de envio de cocaína para o exterior em veleiros.
A investigação teve início após a apreensão de três toneladas de cocaína no veleiro “Lobo IV”, interceptado pela Marinha dos Estados Unidos próximo ao continente africano em fevereiro de 2023. O núcleo paulista, base da organização criminosa, também foi identificado no envio de 1,9 tonelada de cocaína no veleiro “Vela I” em julho de 2022.
Segundo as informações da PF publicadas pelo portal O Globo, o desmantelamento do esquema contou com mais de 300 policiais federais e 50 policiais militares, mobilizados para cumprir quatro mandados de prisão preventiva, 31 mandados de prisão temporária e 62 mandados de busca e apreensão, abrangendo 18 cidades em sete estados brasileiros. A Justiça Federal determinou o bloqueio e a apreensão de bens até o valor de R$ 1,32 bilhão vinculados ao grupo investigado.
Um dos pontos-chave do inquérito é o papel do advogado Leandro Ricardo Cordasso, preso em Iracemápolis (SP). Cordasso era responsável pela coordenação da logística das remessas ilícitas e utilizava sua posição para dar credibilidade às operações, além de contatos com velejadores. Investigadores relataram que Cordasso foi casado com uma sobrinha dos irmãos Felício, o que o deixou próximo do núcleo central do PCC em Limeira. Ele foi detido durante a operação.
Além do combate ao tráfico internacional, o cerco patrimonial impôs um duro golpe à estrutura financeira da organização, atingindo ativos, propriedades e recursos do grupo. A operação contou com colaboração internacional de agências antidrogas e autoridades estrangeiras, como a Drug Enforcement Administration (DEA) e a Guarda Civil espanhola, fundamentais para rastrear a movimentação e identificar ligações externas da quadrilha.
O caso do advogado Cordasso evidencia uma faceta sofisticada das organizações criminosas: a utilização de profissionais para legitimar, encobrir e operacionalizar grandes remessas de entorpecentes, empregando rotas marítimas estratégicas para burlar a fiscalização e alcançar mercados na Europa e África.
Preso no Paraguai em 2019, Levi Adriani Felício, conhecido como “Mais Velho”, já era apontado pelas autoridades como responsável por coordenar remessas internacionais de drogas e armas a partir do exterior, enquanto Rodrigo Felício, chamado de “Tico”, teria exercido papel semelhante até sua prisão em 2014, permanecendo ambos como lideranças ativas no esquema, mesmo após encarcerados.
A grande estrutura desmantelada na Operação Narco Vela incluiu apreensão de armas em operações anteriores, apreensões internacionais e interceptações em águas estrangeiras por forças da Marinha americana, francesa e Guarda Civil espanhola, confirmando o impacto global da quadrilha originada em Limeira.
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