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Sem poder voltar para casa por falta de oxigênio, idoso morre de coronavírus no hospital

A liberação do paciente dependia da UBS conseguir um equipamento para ele


Por Folhapress Publicado 03/04/2020

Ciro Francisco Bernal Agnelli, 71, foi internado no IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer), em São Paulo, em 7 de março, para tratar uma infecção urinária decorrente de uma complicação da cirurgia de um câncer de próstata. Embora a infecção urinária já tivesse sido curada em 20 de março, Agnelli não pode ir para casa porque estava dependente de oxigênio (ele tinha uma doença pulmonar crônica obstrutiva).

A liberação do paciente dependia da UBS conseguir um equipamento para ele. O processo, que normalmente demora 14 dias, foi acelerado, mas Agnelli morreu antes, contaminado pelo novo coronavírus, provavelmente no hospital. A notícia de que o oxigênio seria instalado chegou no domingo, 29 de março, dia de sua morte.

A sobrinha Valquíria Vandeira de Melo, com quem Agnelli morava havia 13 anos, conta que, desde o início da quarentena, a família tinha sido orientada a não fazer visitas para evitar uma possível contaminação. O último contato dele com o sobrinho Wagner Agnelli Gonçalves aconteceu rapidamente, por cerca de cinco minutos, na quarta-feira (18).

Idoso, hipertenso, com problemas pulmonares e recém-operado de um câncer de próstata, Agnelli tinha todos os requisitos do grupo de risco, mas a família acredita que a longa internação resultou em sua contaminação por Covid-19 e sua morte.

“Ele foi contaminado no hospital. Só não sabemos se foi por contato com outro paciente ou com médicos ou enfermeiros infectados”, afirma Valquíria. A família ressalta que em todo período o IBCC realizou ótimo atendimento ao paciente.

Em nota, o IBCC afirma que, diante da pandemia, tem realizado todas as medidas preventivas preconizadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde na assistência aos pacientes internados e na proteção aos profissionais, com acompanhamento permanente da equipe de infectologia e com restrição de visitas e acompanhantes. “Apesar de todas as medidas implementadas, o risco de infecção por este agente e por outros vírus respiratórios é inerente à situação epidemiológica da comunidade e das instituições de saúde, o que dificulta a identificação do caso-fonte”, diz a nota.

Como em outros casos, o enterro de Agnelli, que era técnico de informática, aconteceu sob os procedimentos recomendados pela prefeitura de São Paulo, com caixão lacrado e sem velório. Compareceram à despedida apenas o sobrinho e um amigo. Ciro completaria 72 anos em 3 de abril.

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