Elsa de ‘Frozen 2’ não é lésbica, mas poderia ser assexual
Dezenas de teorias sobre a suposta homossexualidade de Elsa floresceram na internet
A Disney começou a modernizar seu panteão de princesas em 1989: Ariel, a protagonista de “A Pequena Sereia” ostentava um garboso rabo de peixe.
Mesmo assim, é sintomático que a primeira princesa não-totalmente humana tenha surgido antes de Jasmine, a primeira árabe (em “Aladdin”, de 1992), de Mulan, a primeira oriental (no filme de mesmo nome, de 1998) e de Tiana, a primeira negra (em “A Princesa e o Sapo”, de 2009).
Ao longo das últimas três décadas, as princesas Disney ainda se livraram de um acessório outrora indispensável: o príncipe encantado. Mulan, Mérida (de “Valente”, 2012) e Moana (de “Moana: Um Mar de Aventuras”, 2016) terminam seus respectivos filmes sozinhas, e não menos felizes por causa disso.
Por que, no entanto, uma parte do público cismou que Elsa, de “Frozen: Uma Aventura Congelante” (2013), seria lésbica? Não foi só por ela não ter namorado.
Os pais de Elsa a mantiveram reclusa por anos (ou seja, “no armário”), por causa de seus poderes secretos. Quando ela os revela, é prontamente rejeitada pela população do reino de Arendelle. E parte para o exílio cantando “Livre Estou”, um hino à descoberta de si mesma.
Dezenas de teorias sobre a suposta homossexualidade de Elsa floresceram na internet. Também circularam rumores de que esta orientação sexual seria confirmada em “Frozen 2”. Até a ministra Damares Alves acreditou.
“Frozen 2” acaba de entrar em cartaz no Brasil, mas quem leu as críticas publicadas antes da estreia já sabe: não há absolutamente nada na nova aventura que sugira que Elsa é lésbica.
Na verdade, se alguém for garimpar o longa em busca de indícios das preferências da moça, só encontrará um –e mesmo assim, com uma certa dose de boa vontade.
Pela segunda vez, Elsa não demonstra o menor interesse romântico ou erótico por ninguém. Sendo assim, podemos suspeitar que ela é a primeira princesa Disney assexual?
A assexualidade é um fenômeno complexo e ainda pouco compreendido. Engloba uma dezena de vertentes: há os que gostam de beijos, mas não do ato sexual em si; há os que sonham com um casamento sem sexo; há os que não querem nenhum tipo de contato físico ou intimidade emocional.
Claro que a Disney jamais vai se pronunciar sobre este assunto, ainda mais em se tratando de uma de suas franquias mais lucrativas.
Mas quem sonha com mais representatividade na mídia pode se alegrar. Uma das minorias mais obscuras do espectro sexual está retratada de maneira bastante positiva num dos maiores blockbusters do momento.
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