‘Não podia decepcionar meus alunos’, afirma Alexandre Garcia sobre saída da CNN Brasil
Emissora rescindiu o contrato na sexta (24) com o jornalista após ele reiterar a defesa do tratamento precoce contra a covid-19
Alexandre Garcia, 80, se pronunciou na noite deste domingo (26) sobre a sua demissão da CNN Brasil. A emissora rescindiu o contrato na sexta (24) com o jornalista após ele reiterar a defesa do tratamento precoce contra a covid-19 com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
Em vídeo publicado no seu canal no YouTube, Garcia leu a nota da CNN sobre a sua demissão “para os que não se inteiraram do que aconteceu”. Ao final da leitura, olhou para a câmera, ficou em silêncio por alguns segundos e disse “pois é”.
Na sequência, Garcia afirmou que foi perguntado na sexta (26) sobre CPI da Covid, vacinação e tratamento, e que não podia “decepcionar àqueles que foram meus alunos ao longo de todos esses anos”.
“Se eu digo uma coisa, eu tenho que praticar. E eu tenho dito: pensem com a sua cabeça, não aluguem a sua cabeça, não deixem que seu cérebro seja abduzido, não permitam que professores façam uma lavagem cerebral em você, não permita que o medo dos seus colegas faça com que você se encolha”, disse.
“Você pode até me contrariar, é o normal. O que não é pode ser normal é que a pessoa seja um rebanho, acéfalo, sem pensamento”, completou. No vídeo, o jornalista, que era comentarista do quadro Liberdade de Opinião, do programa Novo Dia na CNN, não falou especificamente do tratamento precoce.
No início do vídeo, Garcia deu às boas-vindas aos “quase 200 mil novos seguidores” que ele afirma ter ganhado no seu canal no YouTube desde sexta (24), quando foi demitido –o canal tem no total 2,19 milhões de inscritos até a conclusão deste texto.
Ele também afirmou que receber um “limão é presente porque sai uma limonada”. “E o presente é o mais importante, porque constrói o futuro”.
“Sigamos presentes e juntos”, disse. Na sequência, ele relembrou o início da carreira e falou sobre outros assuntos como a CPI da Covid.
No fim, Garcia afirmou estava vestindo uma camisa que tem mais de 35 anos e um relógio que foi dado pelo seu pai e tem 50 anos.
“Será que isso é conservadorismo? E é bem simbólico: está novo, usa-se, está bonito. Meu avô era conservador e vivia pesquisando coisas novas. Então, é isso, não é ficar preso ao passado, é ter os valores do passado, a beleza do passado, a funcionalidade das coisas do passado e sempre buscar novidade, inovação, progresso”.
DEMISSÃO
No programa da manhã de sexta-feira (24), na CNN, Alexandre Garcia afirmou que “remédios sem eficácia comprovada salvaram milhares de vidas”. O comentário foi feito enquanto ele falava das denúncias contra a operadora de saúde Prevent Senior, alvo de investigações no MP, na Polícia Civil e na CPI da Covid.
A empresa supostamente pressionou seus médicos conveniados a tratar pacientes com substâncias do “kit Covid”, como a cloroquina.
“Essa questão de eficácia comprovada a gente só vai saber daqui uns três anos”, argumentou Garcia. “Agora tudo é tudo é experimental.”
Ao final do quadro, a apresentadora Elisa Veeck desmentiu Garcia. “A CNN ressalta que não existe um tratamento precoce comprovado cientificamente para prevenir a covid-19″, disse. “O que a ciência mostra é que a prevenção, com o uso de máscaras e a vacinação, são as únicas maneiras de combater a pandemia.”
Ela também reforçou que as opiniões dos comentaristas não refletiam a posição da emissora.
Esta não foi a primeira vez que Garcia foi desmentido no ar. Ele vinha acumulando polêmicas desde que foi contratado, em julho de 2020.
No último dia 19 de agosto, ele afirmou durante uma transmissão ao vivo que jovens não precisariam tomar vacina contra covid. Minutos após os comentários de Garcia, Elisa Veeck leu um comunicado dizendo que procurou o infectologista Renato Kfouri para esclarecer o tema.
Na noite de sexta (24), a CNN anunciou a demissão de Garcia. “A decisão foi tomada após o comentarista reiterar a defesa do tratamento precoce contra a covid-19 com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada”, diz comunicado. A emissora diz que o quadro dele continuará no ar, mas não diz quem será seu substituto.
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