Novo busto do Corinthians teve média de gols superior à de Pelé
Centroavante alvinegro de 1934 a 1944, ele se notabilizou justamente pela facilidade que tinha para ir à rede
Aquele que agora está eternizado no Parque São Jorge teria sido útil ao Corinthians na semana passada, em Quito. Se o que o time buscava contra o Independiente del Valle eram gols e a virada no confronto semifinal da Copa Sul-Americana, Teleco seria o cara certo para a tarefa -que acabou não sendo cumprida.
Centroavante alvinegro de 1934 a 1944, ele se notabilizou justamente pela facilidade que tinha para ir à rede. Sua especialidade era um chute de virada, com um giro em torno do próprio corpo, arma usada para construir várias outras viradas da equipe preta e branca. “Eu era assim. Chutava antes que os zagueiros e o goleiro tivessem tempo para pensar”, disse certa vez Teleco, que morreu em 2000 aos 86 anos e acaba de ganhar um busto na sede do clube.
Uriel Fernandes, que recebeu da avó o apelido cuja origem nunca soube explicar precisamente, é apenas o sétimo jogador da história do Corinthians a ter espaço permanente no jardim do Parque. Juntou-se a Neco, Cláudio, Luizinho, Baltazar, Sócrates e Rivellino -logo ganhará a companhia de Marcelinho.
No caminho para a eternidade alvinegra, Teleco marcou 256 gols em 249 partidas pelo time. Isso significa uma média de 1,03 bola na rede por jogo, marca que nem Pelé (0,93) construiu em sua carreira.
Esses números não pareciam prováveis no momento da chegada do jogador, em 1934. A equipe ainda não havia se recuperado de uma debandada geral de atletas para a Itália e sofria para se adaptar ao recém-implantado profissionalismo no futebol brasileiro.
A estreia do centroavante das viradas foi apropriada para o que seria sua trajetória. O Corinthians levou 5 a 0 do Vasco em um amistoso, ao fim do qual ele procurou a diretoria e avisou que gostaria de voltar a Curitiba -foi em uma partida pela seleção paranaense, com três gols na seleção paulista, que ele chamou a atenção do Corinthians.
“Fui sincero e falei que não dava. Eu tinha vindo do Britânia, seis vezes campeão do Paraná, e cheguei para apanhar de cinco. Falei: ‘Vou embora’. O homem [o diretor Rocco] riu”, contou o atacante ao jornal Folha de S.Paulo em 1974, quando já trabalhava como responsável pela sala de troféus do Parque, função que exerceu de 1967 a 1991.
Após a goleada sofrida em São Januário, uma vitória por 1 a 0 sobre o Palestra Itália mostrou que o time não era tão ruim assim. E o prêmio de 100 mil réis foi o incentivo definitivo para a permanência. “No Paraná, eu não ganhava isso por mês. Quando recebia um guaraná depois do jogo, já ficava contente”, recordou Teleco, que superou o início difícil para se tornar artilheiro do Paulista em 1935, 1936, 1937, 1939 e 1941.
Campeão estadual em 1937, 1938, 1939 e 1941, o paranaense devolveu o Corinthians ao caminho das conquistas, com gols e jornadas memoráveis -como o triunfo decisivo sobre o arquirrival Palestra, em 1937, definido com um gol do centroavante, que jogou no sacrifício.
Foi com o goleador em campo que o time alvinegro se notabilizou por suas viradas. Em 1935, contra o mesmo Vasco da estreia desastrosa do curitibano, a equipe chegou a estar perdendo por três gols. Ganhou por 4 a 3, com duas bolas na rede do atacante.
Teleco virou aquele jogo e muitos outros, mudou sua história e foi gradativamente ganhando espaço. O que eram doses de 90 minutos viraram 24 anos na sala de troféus. Agora, ele tem a eternidade no clube, na forma de uma atrasada e justa homenagem.
Demorou, mas o ídolo ganhou sua estátua. Fosse mais rápido e realizado antes de parecer improvável, o tributo seria menos a cara de Teleco.
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