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Cadeirinhas reduzem mortes de crianças no trânsito em até 60%, diz OMS

Acidentes de trânsito são a principal causa de morte acidental de crianças e adolescentes de até 14 anos no Brasil


Por Folhapress Publicado 05/06/2019
Divulgação

O uso de cadeirinhas infantis reduz em até 60% o número de mortes de crianças e adolescentes com até 15 anos de idade em acidentes de trânsito, diz a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Mudança na legislação proposta pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) quer deixar de aplicar multas a motoristas que transportem crianças sem as chamadas cadeirinhas de retenção. Nessas ocasiões, o condutor será apenas advertido pela autoridade de trânsito.
Acidentes de trânsito são a principal causa de morte acidental de crianças e adolescentes de até 14 anos no Brasil, segundo a ONG Criança Segura. Ao menos três crianças morrem por dia por causa do trânsito, sendo a principal causa os acidentes de carro em que a criança é passageira.
Segundo levantamento da ONG, entre 2001 e 2017, cerca de 5.000 crianças de até 9 anos morreram em decorrência de acidentes envolvendo carros onde eram passageiras.
Apesar da alta mortalidade de crianças no trânsito no Brasil, o uso de cadeiras infantis é baixo no país. Levantamento da Bloomberg feito em junho do ano passado mostrou que 36% das crianças de até cinco anos usavam assentos infantis quando transportadas em dias úteis. O percentual aumenta para 56% nos finais de semana, de acordo com a pesquisa. Segundo a legislação de trânsito, os equipamentos são obrigatórios para crianças de até sete anos e meio.
O trecho que acaba com a multa pela ausência do equipamento de segurança consta em projeto de lei que altera uma série de pontos do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e que foi enviado ao Congresso Nacional nesta terça-feira (4).
Hoje, o CTB diz que a falta de cadeirinha é infração gravíssima. As consequências são perda de sete pontos na carteira, pagamento de multa e retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada.
Segundo a OMS, o uso das cadeirinhas reduz em até 19% a chance de lesões graves em crianças entre 8 e 12 anos vítimas de acidentes de trânsito em comparação ao uso apenas do cinto de segurança. “Os países com alto índice de uso das cadeirinhas infantis conseguiram reduzir o número de mortes e lesões em crianças”, afirmou a OMS em nota.
O fim das multas para quem transporta crianças sem as cadeirinhas é alvo de críticas de especialistas.
De acordo com a gerente-geral da ONG Criança Segura, Gabriela Guida de Freitas, toda a estrutura do banco do carro e, principalmente, o sistema do cinto de segurança foram desenhados para adultos. “As partes do cinto que fazem contato com o corpo do passageiro foram feitas para se posicionar sobre partes fortes do corpo do adulto, como tórax e quadril”, diz. “No caso de uma criança, o dispositivo fica sobre as partes moles, como pescoço e abdômen, o que pode causar lesões graves no caso de batidas e até de freadas”, completa.
Diante da repercussão da mudança na legislação, Bolsonaro tentou minimizar o impacto da decisão. “Cadeirinha do bebê: todo mundo que é pai e mãe é responsável. Continua valendo a infração para a pontuação. Apenas tirei o dinheiro. Vamos ver se o pessoal vai multar ou é a multa pela multa?”, disse o presidente durante evento pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, na divisa dos estados de Goiás com Mato Grosso, nesta quarta-feira (5).

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