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Empresas públicas perdem R$ 15,4 bilhões na 1ª semana de Lula

Desse total, quase R$ 12,7 bilhões correspondem à desvalorização da Petrobras; resultado não surpreende o mercado


Por Folhapress Publicado 08/01/2023
Empresas públicas perdem R$ 15 bilhões
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Empresas com participação do governo federal listadas na Bolsa de Valores perderam R$ 15,4 bilhões em valor de mercado na primeira semana de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desse total, quase R$ 12,7 bilhões correspondem à desvalorização da Petrobras. O resultado não surpreende o mercado, segundo analistas, e reflete a expectativa de investidores de que o retorno aos acionistas tende a ser menor com uma gestão que pretende intensificar a participação de estatais em suas políticas públicas.

Quando considerado o período entre 21 de outubro e esta sexta-feira (6), a desvalorização de empresas com participação federal sobe para R$ 227,66 bilhões, de acordo com o levantamento de Einar Rivero, da plataforma TradeMap. Na ocasião, faltando uma semana para o segundo turno das eleições presidenciais, pesquisas de intenção de voto mostravam que Jair Bolsonaro (PL) havia diminuído a distância para Lula. A estatal petrolífera atingiu naquele dia um valor de mercado de R$ 520 bilhões, o maior da história. Já nesta sexta, a companhia terminou a sessão valendo R$ 333 bilhões, ou seja, R$ 187 bilhões a menos.

Também em 21 de outubro, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores, alcançou uma alta anual acumulada de 14,4%. As perdas ocorridas a partir de então diminuíram o resultado anual do Ibovespa para uma alta de 4,69% no encerramento de 2022, abaixo da inflação estimada em 5,62% para o período. Na primeira semana de 2023, o principal indicador do mercado acionário brasileiro caiu 0,70%. “O governo não apresentou um discurso claro, com exceção de que irá parar todos os processos de privatização. Isso tem impacto no mercado, de modo geral, mas principalmente nas estatais”, afirma Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos.

“Não é nada muito diferente do que o mercado já esperava de um governo de Lula, mas é claro que os investidores acabam descontando suas insatisfações nas empresas públicas e no Ibovespa, em geral”, afirma. Ainda na primeira quinzena de dezembro, a aprovação pela Câmara dos Deputados de um projeto alterando a Lei das Estatais para reduzir para 30 dias a quarentena de indicados a ocupar cargos de presidente e diretor das empresas públicas já confirmava um governo mais interventor, segundo Ricardo Hammoud, professor de macroeconomia do Ibmec-SP.

“Critérios políticos serão muito importantes para decisões e isso indica piora [nos resultados] das estatais, porque serão instrumentos, dado que o governo tem um orçamento apertado e precisará delas”, comenta Hammoud. “Elas serão mais voltadas para a execução de políticas públicas do que para os lucros.” Hammoud ressalta que esta não é uma característica exclusiva de gestão petista. “É uma questão histórica no Brasil, que ocorre desde os governos militares”, diz.

Para o professor, embora o governo Bolsonaro tenha feito “uso eleitoreiro absurdo” de companhias públicas como Petrobras e Banco do Brasil “para ganhar votos”, o mercado leu esses movimentos da gestão anterior como sendo pontuais. Agora, com o próprio presidente Lula declarando que as estatais estão incluídas na estratégia do governo e, com alterações na legislação do setor, Hammoud diz que a expectativa é que a participação política seja intensificada. “O mercado percebia que estava mais difícil o uso das estatais para fins políticos e, agora, as amarras parecem estar mais frouxas.”

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