Demitido da Ford em Taubaté vai receber no mínimo R$ 130 mil de indenização
A proposta foi aprovada com 336 votos favoráveis, o equivalente a 55,33% do total, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté
Os trabalhadores da Ford em Taubaté aprovaram na terça-feira (6) a proposta apresentada pela empresa de um plano de indenizações aos funcionários. A montadora anunciou no início de janeiro o encerramento de sua produção em todas as fábricas no Brasil. O plano prevê três programas de demissão incentivada para atender empregados mensalistas, horistas e também aqueles que estejam afastados por acidente ou doença relacionada ao trabalho.
A proposta foi aprovada com 336 votos favoráveis, o equivalente a 55,33% do total, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté. Ao todo, foram realizadas 25 reuniões de negociação entre a empresa e a entidade de trabalhadores. A planta no interior de São Paulo tem cerca de 830 empregados diretos.
Para os funcionários horistas, a Ford vai pagar dois salários adicionais por ano de trabalho. No caso dos mensalistas, o valor será equivalente a um salário adicional. Para ambos, a proposta da montadora prevê que o valor mínimo será de R$ 130 mil e prevalecerá o que for maior.
Os funcionários horistas afastados pelo INSS também receberão o equivalente a dois salários adicionais por ano de trabalho e mais um bonificação por tempo de serviço. Ela vai variar de R$ 150 mil, para quem tem mais de 21 anos de Ford, a R$ 300 mil, para quem tem menos de 11 anos. A aprovação do acordo não obriga os funcionários a aceitarem o plano de demissão.
Quem decidir não aderir, será demitido e receberá uma indenização equivalente aos salários a que teria direito até dezembro de 2021, quando terminaria a garantia provisória de emprego fechada na convenção coletiva da categoria. Esses trabalhadores receberão apenas essa indenização e as demais verbas rescisórias. Em Taubaté, a fábrica de motores e transmissões ficou parada até o dia 22 de março, quando os turnos foram retomados para a produção de peças de reposição.
O acordo aprovado na terça prevê também um cronograma de produção e desativação do maquinário. Segundo o sindicato, esse calendário ainda poderá mudar, de acordo com a necessidade da empresa -e isso exigirá nova negociação com o sindicato.
O cronograma prevê que, entre esta semana e a próxima, sejam produzidas as últimas peças necessárias ao estoque da empresa. Ainda neste mês deve ser iniciado o decomissionamento e desligamento dos equipamentos dos três setores da fábrica: motores, transmissões e fundição. A previsão incluída no acordo é que as atividades sejam concluídas no fim de julho, com funcionários trabalhando no primeiro turno. O pessoal que cuidará do encerramento da fábrica começará a ser desligado em agosto, no caso dos horistas, e entre abril e outubro, os mensalistas.
Nos próximos dias, a Ford deverá definir o cronograma de adesões aos planos de demissões, bem como as datas para as rescisões. O acordo inclui também um programa de apoio e qualificação. O Sindicato dos Metalúrgicos receberá R$ 700 por trabalhador horista para a administração de um programa de recolocação no mercado de trabalho.
O plano de saúde dos trabalhadores da fábrica também será mantido até a data de desligamento. No acordo aprovado na terça, a empresa diz que está “enviando esforços para tentar encontrar alternativas de planos individuais” para os demissionarios.
Além da fábrica de Taubaté, a Ford também fechou a produção em Camaçari (BA), onde produzia os modelos Ka e Ecosport, e vai encerrar a de Horizonte (CE), unidade em que produz o utilitário Troller T4. No início de 2020, a empresa tinha 8.000 funcionários no Brasil. Um ano depois, eram 6.171 contratados. Quando anunciou o fechamento das fábricas, previa demissão de 5.000 trabalhadores no Brasil e na Argentina, sem dar detalhes.
Na fábrica do interior de São Paulo, o fechamento não chegou a ser uma surpresa. O nível de produção da planta vinha caindo e o número de funcionários encolheu.
Para muitos, o encerramento da linha de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, era o alerta de que a indústria automobilística ia mal no país.
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