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Pix completa um ano entre polêmicas sobre segurança

Sistema já acumula mais de 112,6 milhões de usuários, mas também abriu caminho para que criminosos pudessem aprimorar golpes


Por Folhapress Publicado 14/11/2021
Homem transfere R$ 1.200 por PIX para golpista que se passou pelo seu filho, em Limeira
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Pix completa um ano nesta terça-feira (16) e já acumula 112,6 milhões de usuários. Segundo o Banco Central, foi o sistema de pagamentos instantâneos com adesão mais rápida no mundo. Entre erros e acertos, a nova ferramenta facilitou transferências e viabilizou novos modelos de negócio. Desde o lançamento, o sucesso do Pix foi consolidado entre pessoas físicas, que respondem por 93,4% dos usuários cadastrados atualmente. Já entre empresas, a adesão foi mais lenta, com 7,4 milhões (6,57% dos usuários).


Segundo a autoridade monetária, isso ocorre porque os comerciantes precisam adaptar os sistemas para receber com Pix. Ainda assim, em números absolutos, o número de empresas cadastradas cresce a cada dia. Em janeiro, eram 3,98 milhões de estabelecimentos registrados.


De acordo com pesquisa feita pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 8 em cada 10 negócios pequenos usam o novo meio de pagamento. “Negócios menores tiveram mais facilidade para implementar recebimento com Pix porque os sistemas de gestão de caixa são menos complexos. A adoção por trabalhadores autônomos, por exemplo, foi quase instantânea”, avalia Carlos Netto, presidente da Matera, empresa de tecnologia para o mercado financeiro.

Até outubro, 348 milhões de chaves estavam cadastradas no Pix. Uma pessoa pode fazer até cinco chaves por conta e uma empresa, até 20. Na prática, quem faz o cadastramento das chaves não precisa informar todos os seus dados na hora de transferir dinheiro ou pagar pelo Pix. A pessoa precisará apenas falar a chave cadastrada (CPF, email ou número de celular, por exemplo). Ao todo, o sistema tem 227 milhões de contas cadastradas.


Em pouco tempo, o Pix se tornou um dos meios mais usados para transferências de recursos e ultrapassou os tradicionais DOC (Documento de Ordem de Crédito) e TED (Transferência Eletrônica Disponível). Desde o lançamento, o Pix movimentou R$ 3,9 trilhões.


Netto atribui a adoção rápida do modelo pela população a uma série de fatores. “Até ter um nome ajudou [na adesão]. Em alguns países criaram um sistema centralizado, mas sem nome. Então as pessoas não sabiam como pedir porque cada banco nomeou o seu. Além disso, foi primordial ter obrigado os grandes bancos a oferecerem o serviço”, diz.


Para Marcelo Martins, diretor da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), o saldo do primeiro ano do sistema de pagamentos instantâneos é positivo. “Tivemos um ano agitado para o setor, desde o início deste ano, o Pix passou por 51 mudanças regulatórias e muitas inovações. Para atender a todas as necessidades, é preciso colocar em prática todas as funcionalidades previstas no cronograma”, ressalta.


Desde novembro do ano passado, o Pix tem integrado novas funcionalidades, como o Pix cobrança, que é semelhante ao boleto, com vencimento futuro. A ferramenta, que teve implementação adiada três vezes, começou a ser oferecida em 14 de maio. O cronograma para inclusão de outras utilidades é extenso. Em 29 de novembro, o Pix saque e o Pix troco vão começar a funcionar.


Ambos possibilitarão a retirada de recursos em espécie, mas o Pix Saque é uma transação exclusivamente para saque e o Pix Troco está associado a uma compra ou prestação de serviço. No último caso, ao adquirir um produto, por exemplo, o cliente passa um valor superior para receber o restante em dinheiro.

No início, o Pix ganhou funções inusitadas, como de rede social e de paquera. Muitos passaram a usar o sistema para envio de pequenos valores como forma de mandar mensagem. “Não imaginávamos, por exemplo, que as pessoas usariam um meio de pagamento para esse fim”, afirma o diretor da ABFintechs.


A agilidade do novo sistema de pagamentos, entretanto, abriu caminho para que criminosos pudessem aprimorar golpes -com o Pix, eles conseguem pulverizar rapidamente o dinheiro entre várias contas, dificultando o trabalho da polícia. O Pix também facilitou a ação de criminosos em sequestros e assaltos.


Muitas dessas contas utilizadas por bandidos são de laranjas, que são alugadas ou emprestadas por terceiros.
Com o boom de crimes envolvendo o Pix, recentemente o BC implementou medidas de segurança para reduzir a vulnerabilidade dos sistemas às ações de criminosos em fraudes, sequestros e outros crimes.
Foi determinado, por exemplo, o limite de R$ 1.000 para operações em canais digitais, como Pix e TED, entre pessoas físicas à noite, que começou a valer em 4 de outubro.

Em meio a polêmicas de segurança, em setembro o BC registrou o primeiro caso de vazamento de chaves Pix. Segundo a autarquia, a base de dados do Banese (Banco do Estado de Sergipe) foi usado para expor 395 mil chaves de clientes de outras instituições por “falhas pontuais em sistemas dessa instituição financeira”.


Logo depois, a autoridade monetária afirmou ter adotado mecanismos complementares de monitoramento dos sistemas das instituições financeiras participantes do Pix. De acordo com a autarquia, uma das iniciativas foi reforçar o tratamento de consultas no sistema de chaves em volumes atípicos.

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