Restrições da quarentena em SP devem colocar mais motoboys nas ruas para entregas
As empresas também estão dando continuidade às medidas de estímulo para os estabelecimentos parceiros, que envolvem, em geral, redução ou eliminação de taxas a serem pagas pelos restaurantes
A fase emergencial do Plano São Paulo para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, em vigor desde segunda-feira (15) em todo o estado, deve colocar mais motoboys nas ruas da capital para poder fazer frente ao aumento das entregas, sobretudo de alimentos. Paralelo a isso, os aplicativos reforçam medidas para tentar estimular o delivery, tais como redução de taxas e possibilidade de doação para tentar reforçar o caixa dos estabelecimentos.
A atual regra, mais dura do que a etapa vermelha, deve ir até o dia 30 de março e impõe uma série de restrições, tais como vetar o consumo de alimentos em bares e restaurantes, proibir a retirada no local e permitir que o drive-thru opere apenas das 5h às 20h. Essas medidas foram adotadas para tentar reduzir a circulação de pessoas e frear o avanço do número de casos, como forma de evitar o colapso total no sistema de saúde.
Pelas estimativas de Edgar Francisco da Silva, da AmaBR (Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil), atualmente existem cerca de 50 a 60 mil motoboys fazendo delivery na cidade de São Paulo, número que deve saltar para 80 mil nos próximos dias.
“É um serviço essencial e não vai parar. Isso vai abrir as portas para mais pessoas entrarem nos aplicativos”, afirmou Silva, mais conhecido pelos motoboys pelo apelido de Gringo. A expectativa de aumento de demanda é confirmada pelos três principais aplicativos de entrega em operação no país: iFood, Uber Eats e Rappi. Todas as três afirmaram que continuarão a receber cadastro de novos entregadores parceiros.
Segundo o Uber Eats, se necessário, além dos entregadores parceiros, poderá acionar motoristas do Uber para atender os pedidos adicionais. O Rappi disse que o sistema está preparado para o aumento da demanda e o eventual aumento de pedidos não implicará em maior tempo de espera para as entregas.
As empresas também estão dando continuidade às medidas de estímulo para os estabelecimentos parceiros, que envolvem, em geral, redução ou eliminação de taxas a serem pagas pelos restaurantes. A limitação do horário para funcionamento do drive-thru e o veto para retirar alimentos nos estabelecimentos – prática conhecida pelo termo de “take away”- levou a seção paulista da Abtrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) a encaminhar um ofício na última sexta-feira (12) para o governador João Doria (PSDB) na tentativa de revisão da medida. Até a conclusão desse texto, o pedido permanecia sem resposta.
Efeito colateral Para Gringo, da AmaBR, o efeito colateral desse aumento -já registrado em 2020- é o crescimento do número de acidentes de motofretistas menos experientes e, em alguns casos, o endividamento de alguns. Segundo ele, muitos desempregados viram na entrega uma solução para poder se manter. Porém, sem experiência, acabam se acidentando. “Não é só comprar uma moto, muitas vezes no nome da mãe, da irmã e sair por aí. Precisa de cuidado e treinamento”, diz.
Dados do Infosiga (sistema de dados do governo estadual) indicam que 1.899 motociclistas morreram em 2020, numa redução de 1,1% em relação a 2019, que registrou 1.921 mortes. A mesma base de dados indica 413 mortes de ciclistas no ano passado, num avanço de 2,5% em relação a 2019. “Quantos estavam trabalhando? E quantos que tinham preparo ou ao menos habilitação para fazer o que estavam fazendo”, questiona Grego.
Um estudo divulgado em agosto de 2020 pelo IOT (Instituto de Ortopedia e Traumatologia) do Hospital das Clínicas de São Paulo, indicou que 67% dos motociclistas acidentados na capital entre fevereiro e maio de 2020 não frequentaram a moto escola. Foram analisados casos de 326 motociclistas envolvidos em colisões ou quedas. O estudo indicou que um quinto (21,3%) havia consumido álcool ou drogas antes de pilotar.
SATURAÇÃO
A fase emergencial, que permite apenas delivery, pode não ser a medida mais restritiva a ser tomada pelo governo paulista. A situação é de tal forma preocupante que o governador João Doria (PSDB), não descartou adotar lockdown em todo o estado de São Paulo se os números da Covid-19 continuarem altos.
Dependendo do que for decidido, até mesmo os poucos serviços em que hoje as pessoas podem fazer suas compras, tais como supermercados e farmácias, podem vir a operar apenas via delivery. Dados apresentados nesta segunda-feira pelo governo estadual indicam que a ocupação dos leitos de UTI no estado de São Paulo chegou a 88,4%, com 10.244 pessoas internadas. O número de internações é 60% superior ao registrado no dia 22 de fevereiro, quando 6.410 pessoas estavam em leitos de UTI. À época, a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid era de 66%.
O cenário de crescimento de casos, internações e mortes pelo coronavírus levou a Prefeitura de São José do Rio Preto (distante 437 km de São Paulo), a decretar lockdown a partir desta quarta-feira (17).
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