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Brasil é o país que mais registra assassinatos de pessoas trans no mundo


Por Redação Educadora Publicado 27/11/2021
Continuando a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, a Câmara Municipal de Limeira realizou, nesta sexta-feira, 26 de novembro, um debate com o tema “As Violências Contra Mulheres LGBTQIA+: O que entendemos sobre a condição feminina?”
Foto: Cristiane Scardelai / Câmara Municipal de Limeira

Continuando a campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, a Câmara Municipal de Limeira realizou, nesta sexta-feira (26), um debate com o tema “As Violências Contra Mulheres LGBTQIA+: O que entendemos sobre a condição feminina?”. Quem abordou o assunto foi o secretário Municipal de Saúde, Vítor Santos, que falou sobre sua vivência pessoal com pessoas trans e como isso o ajudou a respeitar as diferenças, e a presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Symmy Larrat, que discorreu sobre as diversas formas de violência contra as pessoas LGBTQIA+. Assassinatos de pessoas trans lideram no Brasil, por exemplo.

Antes das palestras, foi montada a mesa de trabalhos, composta pelo presidente da Câmara, vereador Sidney Pascotto, Lemão da Jeová Rafá (PSC), pela presidente da comissão organizadora da campanha, vereadora Isabelly Carvalho (PT), e pela vice-prefeita e autora da resolução que instituiu a campanha, Erika Tank (PL). Também estiveram presentes os membros da comissão organizadora, vereadores Ceará (Republicanos) e Everton Ferreira (PSD); a vereadora Lu Bogo (PL), membro da Procuradoria da Mulher; o vereador Helder do Táxi (MDB); a presidente do Fundo Social Municipal, Roberta Botion; a presidente do Centro de Promoção Social do Município (Ceprosom), Maria Aucelia Damasceno; e o ex-vereador Wilson Cerqueira. “As boas explicações que teremos hoje e tudo o que vai acontecer nesses 16 dias trarão um pouco mais de clareza para as pessoas que ainda tem algumas dificuldades”, comentou o presidente.

Erika destacou que os eventos programados para a campanha podem contribuir para preparar a sociedade para lidar com a questão da violência contra as mulheres LGBTQIA+. “É através do entendimento, do sentimento de empatia, de nos colocar no lugar do outro que a gente pode seguir em frente  e fazer novas conquistas. Que com o diálogo que os palestrantes trarão hoje possamos aprender e avançar, para que, como município, possamos ofertar aquilo que é necessário para  a segurança da mulher trans”, disse Erika e concluiu: “que a gente saia daqui com muitas outras ideias para construir e garantir um futuro mais justo, mais humano para toda a raça humana”.

A presidente da comissão organizadora, Isabelly, falou sobre a importância de segmentar as palestras da campanha para aprofundar a temática da violência contra as mulheres. “Falar de violência contra a mulher e reconhecer que a mulher pobre, negra e de periferia é a maior vítima dessa violência; falar de violência contra a mulher e reconhecer que a mulher LGBT, em especial mulheres trans, travestis e transsexuais são as maiores vítimas dessa violência é fazer o debate com profundidade”, pontuou.

Experiência de vida

O secretário Vítor Santos contou aos presentes sobre a vivência particular com o tema. Segundo ele, a irmã se identificou como homossexual aos 15 anos de idade, o que gerou uma situação conflitante na família conservadora e o afastamento dela do núcleo familiar. Ele apontou que isso provocou um grande sofrimento, mas também uma compreensão da importância de respeitar o próximo. Sobre assassinatos de pessoas trans, este crime ainda é recorrente no Brasil, citaram os debatedores.

“Mais importante do que explicar o caminho certo, é a aceitação, a incorporação e o afeto. Todos nós, de uma forma ou de outra, somos diferentes, não existe um ser humano igual ao outro e, por isso, nós deveríamos respeitar as diferenças”, frisou o secretário. “É através do conhecimento, através do aprendizado, da discussão dos temas, é através da discussão do contraditório, do entendimento das diferenças que a gente se transforma realmente em um ser humano melhor”, acrescentou.

As violências 

Simmy Larrat discorreu sobre as diversas formas de violência contra as pessoas LGBTQIA+. Ela citou que o Brasil é o país que mais registra assassinatos de pessoas trans no mundo. Disse que “a sociedade patriarcal ainda impõe que uma mulher, para sair de casa, tem que ser entregue a um homem” e que “muitas mulheres bissexuais ou lésbicas precisaram ter um casamento heteronormativo  para depois vivenciarem a sua sexualidade”. 

A presidente da ABGLT falou sobre os “estupros coletivos usados para ‘corrigir’ algo que se entende como errado” e que essa violência não aparece nos registros públicos, mas chega aos hospitais. Ela também abordou a necessidade de enfrentamento da violência, não só a física e a declarada, mas também a velada, e que o poder público precisa se preparar melhor para receber as demandas e não oprimir ainda mais a vítima. 

Simmy finalizou seu discurso falando da necessidade de as pessoas LGBTQIA+ ocuparem todos os espaços e assim buscarem soluções para o fim da violência. “Temos que mudar a postura, assim os caminhos vão acontecendo, não tem fórmula, e aí a gente vai construindo gestões e espaços que vão se tornando exemplo de humanidade e respeito para uma sociedade que precisa, cada vez mais, de doses cavalares de humanidade para retomar sua jornada enquanto humanidade”.

Debates

Após as exposições dos convidados, foi dado início a um amplo debate sobre a temática, incluindo as violências contra as pessoas trans, homofobia, transfobia, machismo estrutural, políticas de saúde, limitação de oportunidades de colocação no mercado formal de trabalho, mulheres trans no esporte e violências de gênero dentro da escola, por exemplo.

Confira o debate na íntegra sobre “As Violências Contra Mulheres LGBTQIA+: O que entendemos sobre a condição feminina?” e também o vídeo do evento de abertura da campanha.

Comissão organizadora

A comissão organizadora da Campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres é composta pela vereadora Isabelly Carvalho (PT), presidente; e pelos vereadores Airton do Vitório Lucato (PL), secretário; Betinho Neves (PV), Everton Ferreira (PSD) e Ceará (Republicanos), membros.

A campanha

A Campanha 16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres foi instituída pela Resolução Nº 599/2015, de autoria da ex-vereadora Erika Tank, com o objetivo de promover o debate e denunciar as diversas formas de violência contra as mulheres. Neste ano, o tema escolhido foi “Multiplicar Conhecimento é a Garantia da Vida”. São apoiadores da campanha a Escola Legislativa Paulo Freire e a Procuradoria da Mulher, ambas instituições da Câmara Municipal de Limeira. Assassinatos de pessoas trans foi um dos temas importantes já debatidos.

Calendário de atividades da campanha:

3/12/21 18h30 – Fórum de Debate “A Condição Negra e a Violência Contra a Mulher Negra”, ministrada pela vereadora da cidade de Guarulhos, Fernanda Curti.

08/12/21 9h – Palestra “Financiamento Público e Políticas Públicas para Mulheres”, ministrada pelo membro da Comissão Organizadora da campanha, vereador Everton Ferreira.

9/12/21 9h – Palestra “Violência Contra a Mulher Deficiente”, ministrada pela secretária de estado dos Direitos da Pessoa Deficiente, Célia Leão.

10/12/21 9h – Encerramento da campanha com a palestra “Novas Perspectivas no Enfrentamento à Violência Contra a Mulher”, ministrada pela jornalista Graziela Félix e pela psicóloga Amanda Abreu.

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