Fome: nenhum tema é mais importante
Por Artur Bueno Júnior, presidente da USTL – União Sindical dos Trabalhadores de Limeira
O Brasil atingiu a incrível marca de 33 milhões de brasileiros famintos. O número duplicou em menos de dois anos e é resultado da total ineficiência do atual governo com a economia e com políticas públicas que garantam a segurança alimentar da população. Sim: a culpa por mais de 15% da população estar passando fome é única e exclusivamente do governo Bolsonaro.
É o governo quem tem uma série de ferramentas que podem e devem ser utilizadas para segurar a inflação, garantir o abastecimento interno, conter a alta dos combustíveis, subsidiar o preço de produtos, comprar de pequenos produtores, aquecer a economia e, principalmente, promover o bem-estar social, especialmente no que diz respeito a alimentação.
A segurança alimentar era uma preocupação dos governos do PSDB e do PT, que chegaram a investir cerca de meio bilhão de reais por ano em ações de aquisição de alimentos da agricultura familiar e no abastecimento e entrega de produtos para a população, de diversas maneiras. O governo Bolsonaro criou um novo nome para abarcar as ações de segurança alimentar, o “Alimenta Brasil”, que, no ano passado, investiu apenas 59 milhões em ações. Neste ano, até maio, foram gastos só 89 mil reais no programa. E não se sabe como esse dinheiro está sendo investido, já que os valores fazem parte do chamado orçamento secreto, sobre o qual não há transparência.
E a fome vai aumentando. Segundo a Rede Brasileira de Pesquisas em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, mais da metade da população (58,71%) convive com a insegurança alimentar em algum grau. Enquanto isso, o governo e os bancos financiam o agronegócio em empréstimos e isenção de impostos, sendo que a maior parte da produção vai para a exportação, sem garantias para o abastecimento interno. Segundo dados do Banco Central, entre 2019 e 2020 somente a indústria da soja recebeu 62 bilhões de reais em créditos – dinheiro que acabaria com a fome no país.
Depois de 25 anos de programas sociais e investimentos pesados, o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU em 2014, mas voltou em 2018, quando uma pesquisa mostrou que vinha aumentando significativamente o número de desempregados, de famílias desamparadas e de falta de alimentos na mesa da população. Com a pandemia, a situação se agravou.
E o que faz o presidente ao invés de discutir políticas públicas e ações de contenção para evitar o caos? Realiza motociatas, tenta desacreditar as instituições e o processo eleitoral, apoia o armamento da população e a divulgação de fake news, parecendo não se importar com a dor e o suplício da população.
É preciso discutir uma coalizão nacional para mitigar o problema fome no país. Não se pode esperar nada deste governo. Também é preciso exigir que essa pauta esteja nos planos de governo dos candidatos à eleição deste ano – e para todos os cargos. É inadmissível que um país com a amplitude e a capacidade de produção do Brasil, tenha uma população três vezes maior que Portugal simplesmente sem ter o que comer!
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