Pedido de Félix para suspensão de processo é negado pelo TJ
Processo de improbidade administrativa pode tornar toda a família Félix inelegível em Limeira por conta da Lei da Ficha Limpa
Foi rejeitado pela 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), um recurso movido pelo ex-prefeito de Limeira, Silvio Félix (PDT), que pede um novo adiamento no julgamento do caso de improbidade administrativa que pode enquadrar toda a família do prefeito cassado e pessoas próximas na Lei da Ficha Limpa. Todos os envolvidos no caso já foram condenados em primeira instância.
A decisão negativa foi dada pelo relator do caso, o desembargador José Maria Câmara Júnior, no último dia 7 de julho, após a defesa de Sílvio Félix mover um agravo interno cível contra a decisão do desembargador em dividir o processo em dois, após quase um ano da suspensão do caso acontecer por conta da morte de Isaías Ribeiro, um dos acusados. À época, a determinação pela suspensão foi dada para que os herdeiros de Isaías fossem localizados. Porém, Câmara Júnior cita a dificuldade na localização desses herdeiros e consequente demora no andamento do processo. Por isso, determinou o fracionamento para que o julgamento das decisões de recursos dos outros réus pudessem acontecer.
A defesa de Silvio Félix afirma que o fracionamento é inviável porque fere a isonomia do processo, já que os réus que teriam o julgamento postergado, poderiam entender melhor os fundamentos da decisão. O prefeito cassado também alega que há a formação de “tumulto processual”, porque os recursos serão julgados imediatamente e em caso de impugnação, recursos futuros seriam julgados em conjunto.
ADIAMENTOS
O desembargador afirma, porém, que o julgamento dos recursos desse caso já foi remarcado duas vezes: a primeira quando foi pedida a troca de advogados da defesa, já que um dos representantes da família Félix teria contraído dengue hemorrágica, e, na segunda vez, quando o acusado Isaías Ribeiro faleceu, sendo determinada em 15 de julho a suspensão do processo até que os herdeiros dele fossem localizados.
O CASO
A ação de improbidade administrativa envolve, além do ex-prefeito Sílvio Félix, a ex-primeira-dama e vereadora Constância Félix (PDT), o deputado estadual Murilo Félix (Podemos) e Maurício, filho de Sílvio e Constância. Todos foram condenados em primeira instância e, caso a decisão seja mantida, os envolvidos se tornariam inelegíveis pela Lei da Ficha Limpa.
Outros familiares, além do ex-assessor de Sílvio Félix, Carlos Henrique Pinheiro, conhecido como Rico Pinheiro, também estão envolvidos. Rico foi condenado em 2020 a quatro anos de prisão pelo crime de peculato, no caso do furto das obras de arte do Museu de Limeira. Por ser réu primário, teve a pena convertida a regime semiaberto.
foram condenados a pagar indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 1 milhão, que deverá ser revertido ao erário público de Limeira, e multa civil que totaliza duas vezes o valor do acréscimo patrimonial apurado na ação. Com isso, o montante a ser ressarcido aos cofres públicos pode chegar a R$ 64 milhões.
Silvio Félix foi prefeito de Limeira entre 2005 e 2009 e reeleito para o mandato 2009-2012, mas foi cassado pelo Legislativo antes de completar a segunda gestão, em razão dos fatos apurados na investigação realizada pelo Ministério Público. De acordo com a ação, durante o período em que foi prefeito, ele e seus familiares adquiriram cerca de 50 imóveis em São Paulo, Campinas, Piracicaba e São Carlos. Os imóveis – flats, terrenos, casas e sítios –, avaliados em cerca de R$ 21 milhões na época, foram registrados em nome de três empresas pertencentes à família. A sentença de primeira instância da Justiça determina perda de todos os bens adquiridos ilicitamente.
* Texto: Roberto Gardinalli
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