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Biden toma posse como 46º presidente dos EUA em Washington sitiada

Biden assume uma nação dividida e devastada por uma pandemia que já matou mais de 400 mil pessoas nos Estados Unidos. Seus principais desafios serão recuperar a economia, controlar o coronavírus e pacificar um país ameaçado pelo terrorismo doméstico


Por Redação Educadora Publicado 20/01/2021
Foto: David Lienemann/Biden For President

Em uma Washington sitiada, Joe Biden fez seu juramento em frente ao Congresso americano nesta quarta-feira (20) e tomou posse como o 46º presidente dos EUA, colocando fim à era Trump.

O democrata, segundo presidente católico na história do país, jurou sobre a Bíblia, como é tradição nos EUA, diante do presidente da Suprema Corte americana, John Roberts. A cerimônia não contou com a presença de Trump –o republicano não aceitou totalmente sua derrota e se tornou o quarto presidente da história do país a não comparecer à posse do sucessor, o que não acontecia há 152 anos.

Biden assume uma nação dividida e devastada por uma pandemia que já matou mais de 400 mil pessoas nos Estados Unidos. Seus principais desafios serão recuperar a economia, controlar o coronavírus e pacificar um país ameaçado pelo terrorismo doméstico.

O democrata fará um discurso e depois seguirá para a Casa Branca, onde assinará uma série de ordens executivas que pretendem marcar a mudança de direção de seu governo em relação ao antecessor, afastando-se do populismo e do radicalismo autoritário de Trump e revertendo medidas do republicano.

De saída, Biden quer colocar os EUA de volta à OMS (Organização Mundial da Saúde) e ao Acordo Climático de Paris. Promete também vacinar 100 milhões de americanos contra a Covid-19 em 100 dias e aprovar o plano de recuperação econômica no valor de US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10 trilhões).

O montante inclui US$ 400 bilhões (R$ 2,1 bilhões) para o combate ao vírus, além de pagamento direto aos americanos, auxílio a desempregados, pequenas empresas, e a estados e municípios.

Biden também quer suspender o banimento de entrada nos EUA a viajantes de alguns países de maioria muçulmana, parar a construção do muro na divisa com o México, símbolo inacabado do governo Trump, impedir a separação de famílias na fronteira e abrir caminho para que milhões de pessoas que vivem nos EUA sem documento tenham cidadania americana.

Depois do juramento e posse, Biden passa as guardas em revista, num gesto que busca sinalizar a transição pacífica de poder para o novo comandante-chefe, e visita, ao lado de outros ex-presidentes americanos –Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama–, o Cemitério de Arlinton, em uma homenagem ao Soldado Desconhecido, memorial a militares sem identificação mortos em combate.
Desta vez, a parada na avenida Pensilvânia, em Washington, e o baile de inauguração, tradicionais da posse, serão substituídos por eventos virtuais ou transmitidos ao vivo pela TV.

As credenciais inéditas do novo governo incluem Kamala Harris, a primeira mulher negra a ocupar a Vice-Presidência americana e que vai exercer papel definitivo no que se tornou o principal desafio de Biden nos próximos anos: conseguir, de fato, governar.

O Partido Democrata tem maioria na Câmara, e Kamala terá direito ao voto de desempate no Senado, mas a frágil maioria numérica não é suficiente para aprovar todas as medidas –por isso as ordens executivas, que driblam o Congresso mas podem ser questionadas na Suprema Corte, por exemplo.

Biden escolheu a vice em um aceno simbólico para conquistar dois grupos de eleitores muito importantes na disputa do ano passado, negros e mulheres, mas também sinalizou que, por sua idade avançada, não deve concorrer à eleição, o que abre caminho para Kamala ser a candidata democrata em 2024.

Na política há 48 anos, como vereador, senador e vice-presidente nos dois mandatos Obama, Biden sabe que terá de lançar mão de seu perfil moderado e sua conhecida habilidade conciliatória para negociar com os dois lados do tabuleiro em meio à radicalização insuflada por Trump.

Ao contrário do clima festivo das posses presidenciais americanas, a cerimônia desta quarta foi marcada pela segurança sem precedentes e atos simbólicos, devido às restrições impostas pela pandemia e às ameaças de protestos e atos violentos contra a inauguração do democrata.

Cerca de 200 mil bandeiras dos EUA foram colocadas no National Mall, lugar onde geralmente o público espera para ver o novo presidente, para representar os americanos que não puderam estar presentes no evento. A ordem das autoridades era para que os americanos não saíssem de casa e acompanhassem tudo pela TV. Apenas mil convidados puderam assistir à cerimônia no local, respeitando o distanciamento social e protocolos reforçados de segurança.

Desde 6 de janeiro, quando apoiadores de Trump invadiram o Congresso para tentar impedir a certificação da vitória de Biden, Washington está sitiada e assistiu à chegada de 25 mil soldados da Guarda Nacional. O contingente é maior do que as tropas americanas no Afeganistão, no Iraque e na Síria juntas e foi capaz de mudar completamente o clima e a rotina da cidade.

Na véspera da posse, 12 agentes da Guarda Nacional foram afastados do esquema de segurança da cerimônia após investigações do FBI identificarem ligações de ao menos dois deles com grupos de extrema direita –sentimento que tem crescido nas fileiras das Forças Armadas americanas.

A região central, onde ficam o Congresso, a Casa Branca e os principais pontos turísticos de Washington, virou uma zona militarizada, bloqueada por veículos militares e rifles que dividem espaço com quem vive nas cercanias. Moradores e pessoas autorizadas precisam se identificar aos agentes antes de cruzar ruas, e cada espaço tem sido monitorado pela maciça operação coordenada pelo Serviço Secreto.

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