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Chile vacina mais de 15% da população e lidera a corrida na América Latina

País foi o primeiro da região a começar a imunização em massa


Por Estadão Conteúdo Publicado 24/02/2021
Foto: Pixabay

O bom planejamento na compra de imunizantes contra a covid-19, colocando de lado o peso ideológico, e a estrutura centralizada fizeram com que o Chile garantisse doses suficientes para vacinar duas vezes sua população e se tornasse o único país da América do Sul com mais de 10% de seus habitantes vacinados até meados de fevereiro.

O país foi o primeiro da região a começar a imunização em massa. Em 21 dias, mais de 3 milhões de habitantes haviam recebido a vacina – ao menos a primeira dose -, ou 15,6 de cada 100 chilenos receberam o imunizante, segundo dados do Our World in Data, da Universidade Oxford. O plano é chegar a 5 milhões de vacinados, um quarto da população de 19 milhões, até o fim de março, e 15 milhões até o fim de julho.

“O país começou a trabalhar em maio do ano passado para ter vacina segura e eficaz, em quantidade adequada para os chilenos. O trabalho dos ministérios da Saúde, Relações Exteriores e Ciências, comandados pelo presidente Sebastián Piñera, foi fundamental porque não envolveu apenas a compra das vacinas, mas a logística, organização e distribuição”, disse o Ministério da Saúde em nota enviada ao Estadão.

Com 14% da população vacinada, o Chile está atrás apenas de Israel (49%), Reino Unido (25%), Bahrein (16%) e EUA (14%). A razão para isso está, entre outros fatores, no planejamento. “O Chile negociou mais cedo do que outros países e começou a vacinação em um ritmo muito forte, com cerca de 150 mil a 200 mil cidadãos vacinados por dia”, afirmou Moisés Marques, professor de relações internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp).

A maior parte das vacinas administradas pelo governo foi adquirida da chinesa Sinovac, 4 milhões de doses já foram entregues e outras 4,5 milhões devem chegar entre os dias 25 e 26, segundo o Ministério da Saúde.

IDEOLOGIA

Em paralelo à negociação com a China, o Chile atuava em outras frentes: o embaixador do país em Londres, David Gallagher, ajudou a garantir doses da AstraZeneca, Pfizer e Johnson & Johnson. O foco do governo não estava em saber de onde a vacina chegaria, mas em ter o maior número de doses possível.

Segundo dados oficiais, o Chile tem 315 mil doses do imunizante da Pfizer e receberá nesta quarta-feira mais 190 mil. O país agora trabalha com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para atuar no programa Covax, de acesso global a vacinas, que prevê a distribuição de imunizantes para países mais pobres.

“O Chile deve atingir a imunidade de rebanho muito mais rápido. Isso se deve à organização e não colocar o peso ideológico na negociação”, disse Marques. Segundo nota do JP Morgan, o país pode ser o primeiro emergente a chegar à imunidade coletiva.

Para Marques, o fato de o Estado chileno ser unitário – e não um federalismo – também tem impacto. “O país é centralizado, tudo fica se concentra na presidência, até questões da cidade de Santiago. Isso facilita. No Brasil, temos a União, Estados, municípios. Vemos municípios vacinando professores de pilates, por exemplo. Isso faz uma diferença brutal.”

O ritmo da vacinação foi determinado por um plano atualizado semanalmente por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI) e único para todo o país, de acordo com o Ministério da Saúde, que ressaltou o papel importante da população. “Os chilenos têm uma cultura histórica de vacinação que permitiu a imunização até agora de 3 milhões de compatriotas”, explicou o ministério.

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