Ucrânia e Rússia anunciam nova rodada de negociações
O líder russo nas negociações, Vladimir Medinski, também falou em uma nova rodada de conversas, segundo agências de notícias do país, mas disse que elas ocorreriam na terça e na quarta-feira
A Ucrânia afirmou que começará uma nova rodada de negociações de paz com a Rússia a partir desta segunda-feira (28) na Turquia, após as conversas anteriores não terem obtido progressos significativos, com os dois lados se acusando mutuamente de não cooperarem.
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“Durante as discussões, hoje [domingo], em videoconferência, ficou decidido realizar, na Turquia, uma próxima rodada presencial entre os dias 28 e 30 de março”, afirmou o negociador ucraniano David Arakhamia neste domingo (27), nas redes sociais.
O líder russo nas negociações, Vladimir Medinski, também falou em uma nova rodada de conversas, segundo agências de notícias do país, mas disse que elas ocorreriam na terça e na quarta-feira, sem especificar o lugar.
Uma sessão presencial de negociações russo-ucranianas já foi realizada no dia 10 de março na cidade turca de Antália, entre os ministros de Relações Exteriores dos dois países, sem conduzir a avanços concretos.
O governo russo afirma que um progresso substancial nos diálogos é uma condição para que os presidentes Vladimir Putin e Volodimir Zelenski possam se reunir para negociar um possível fim do conflito -o ucraniano vem pedindo um encontro desde o começo da guerra.
Moscou afirma que está mostrando mais disposição do que a Ucrânia a favor das conversas e pediu à comunidade internacional que use a influência sobre Kiev para torná-la mais construtiva nas negociações.
Neste domingo (27), Zelenski voltou a pedir ao Ocidente que forneça à Ucrânia tanques, aviões e mísseis, afirmando também que Moscou tem atacado depósitos de combustível e alimentos do país.
O chefe do setor de inteligência militar ucraniano, Kirilo Budanov, disse que o Exército de seu país está usando táticas de guerrilha para fazer as tropas russas recuarem e que Putin está tentando dividir a Ucrânia em duas para criar uma região controlada por Moscou, depois de não conseguir dominar todo o país.
“É uma tentativa de criar as Coreias do Norte e do Sul na Ucrânia”, disse Budanov em um comunicado, referindo-se à divisão da Coreia após a Segunda Guerra Mundial.
Enquanto isso, o líder da autoproclamada República Popular de Lugansk, no leste do país, sinalizou que a região poderá em breve realizar um referendo sobre a adesão à Rússia, assim como aconteceu na Crimeia depois que Putin tomou a península ucraniana em 2014.
“Acredito que em um futuro próximo será organizado um referendo no território da república. O povo exercerá seu direito constitucional supremo e expressará sua opinião sobre a adesão à Federação Russa”, disse Leonid Pasechnik, citado por agências de notícias russas.
Em 2014, a Crimeia votou esmagadoramente para romper com a Ucrânia e se juntar à Rússia —um resultado que grande parte do mundo se recusou a reconhecer.
O governo ucraniano reagiu à declaração, dizendo que esse tipo de consulta não terá base legal. “Todos os referendos falsos nos territórios temporariamente ocupados são nulos e sem validade legal”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, em comunicado à Reuters. “Em vez disso, a Rússia enfrentará uma resposta ainda mais forte da comunidade internacional, aprofundando seu isolamento global”.
Informativo das Forças Armadas ucranianas afirma que a Rússia continua neste domingo com uma “agressão armada em grande escala” e que forças de Kiev repeliram sete ataques nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk.
O escritório de direitos humanos das Nações Unidas divulgou um novo balanço de vítimas civis do conflito: ao menos 1.119 morreram e 1.790 ficaram feridos, de acordo com contagem atual, que vai de 24 de fevereiro até a meia-noite de 26 de março.
Desse total, 99 eram crianças -15 meninas, 32 meninos e 52 cujo sexo ainda é desconhecido.
Acredita-se que os números reais de baixas sejam consideravelmente maiores, disse o órgão, devido ao atraso dos relatórios em algumas regiões onde ocorrem intensas hostilidades e ao fato de que muitas notificações ainda precisam ser verificadas.
DECLARAÇÕES DE BIDEN SOBRE PUTIN GERAM REAÇÃO
Neste domingo (27), as duras declarações feitas pelo presidente americano, Joe Biden, contra o russo Vladimir Putin na véspera continuaram repercutindo. Os comentários de Biden, que chamou Putin de “açougueiro” e disse que ele não poderia permanecer no poder, marcaram uma escalada no tom usado pelos EUA contra a Rússia desde o início da guerra.
“Eu não usaria esse tipo de formulação porque continuo mantendo discussões com o presidente Putin”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, ao canal de TV France 3.
“Queremos parar a guerra que a Rússia lançou na Ucrânia sem escalada -esse é o objetivo”, acrescentou, dizendo que quer obter um cessar-fogo e a retirada das tropas por meios diplomáticos. “Se é isso que queremos fazer, não devemos escalar as coisas -nem com palavras ou ações”, disse.
Em visita a Jerusalém, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, minimizou o ponto mais polêmico do discurso. “Acho que o presidente, a Casa Branca afirmou ontem à noite que, simplesmente, o presidente Putin não pode ter poderes para fazer guerra ou se envolver em agressão contra a Ucrânia ou qualquer outro país”, afirmou.
“Como vocês sabem, e como vocês nos ouviram dizer repetidamente, não temos uma estratégia de mudança de regime na Rússia ou em qualquer outro lugar. Neste caso, como em qualquer outro, cabe ao povo do país em questão. Depende do povo russo”, completou.
A Casa Branca já havia lançado um comunicado à imprensa dizendo que Biden “não pediu uma mudança de regime na Rússia”, apenas “argumentou que Putin não pode exercer poder sobre seus vizinhos ou sobre a região”.
Ao ser questionado sobre o discurso pela agência Reuters, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que “não cabe a Biden decidir isso”. “O presidente da Rússia é eleito pelos russos”, afirmou
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