Defesa de Flávio Bolsonaro diz que compra de móveis com dinheiro vivo foi legal
Filho do presidente depositou em espécie R$ 30 mil para ficar com móveis que estavam num apartamento que ele comprou em 2014 na Barra da Tijuca
O advogado Frederick Wassef, que defende Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), afirmou neste sábado (28) que o pagamento de R$ 30 mil em dinheiro vivo pela compra de móveis do senador ocorreu de maneira legal e sem irregularidades.
A Folha de S.Paulo revelou nesta sexta-feira (27) que o filho do presidente Jair Bolsonaro depositou em espécie R$ 30 mil para ficar com móveis que estavam num apartamento que ele comprou em 2014 na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Foram dez depósitos de R$ 3.000 feitos de forma fracionada em outubro e novembro daquele ano na conta do empresário David Macedo Neto, antigo dono do imóvel.
A informação consta de um depoimento dado pelo antigo proprietário do imóvel ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
Wassef afirmou que “o pagamento dos móveis ocorreu de maneira legal e de acordo com o combinado com David Macedo Neto”.
“Não houve qualquer irregularidade na operação. São inúmeras as informações das autoridades do Rio de Janeiro que não correspondem à verdade. Números errados, contas mal feitas e informações fora de contexto têm sido usadas para criar uma narrativa falsa”, disse o advogado.
O uso de recursos em espécie é um dos indícios apontados pelo MP-RJ da existência da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
A suspeita da Promotoria é de que o ex-assessor Fabrício Queiroz recolhia em dinheiro vivo parte dos salários de funcionários do então deputado estadual para beneficiar o ex-chefe.
“Forças ocultas do Rio de Janeiro têm quebrado as regras para promover um julgamento antecipado e um linchamento do meu cliente. Diante de todos esses absurdos, reafirmamos que Flávio Bolsonaro é inocente”, declarou Wassef, em nota.
Flávio e a mulher, Fernanda, compraram do empresário David Macedo Neto o apartamento num condomínio na avenida Lúcio Costa, na orla da Barra, em agosto de 2014 por R$ 2,55 milhões.
O valor foi quitado por meio de cheques, transferências do casal e um financiamento do banco Itaú. Era nesse imóvel que a família do senador vivia até se mudar para Brasília em 2019.
Os pagamentos em dinheiro vivo foram identificados após a quebra do sigilo bancário do antigo proprietário do apartamento do senador, determinada pela Justiça em abril. Neto e outras 21 pessoas que compraram e venderam imóveis para Flávio foram alvo da medida porque a Promotoria suspeita de lavagem de dinheiro nas transações imobiliárias feitas pelo senador.
Em depoimento aos promotores, Neto declarou que os depósitos foram feitos “por Flávio Bolsonaro como pagamento por parte do mobiliário que guarnecia o imóvel”.
De acordo com o Ministério Público, foram cinco depósitos de R$ 3.000 feitos no dia 13 de outubro de 2014 e outros cinco de mesmo valor em 13 de novembro de 2014.
O depósito fracionado de dinheiro vivo é visto por investigadores, de maneira geral, como uma forma de tentar fugir do controle do sistema financeiro.
Entradas em espécie a partir de R$ 10 mil devem ser monitoradas pelos bancos e comunicadas, quando necessário, à UIF (Unidade de Inteligência Financeira), o antigo Coaf. Possíveis tentativas de burlar esse controle também são informadas, se detectadas.
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