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General Heleno diz que Bolsonaro é alvo de ‘parlamentarismo branco’ na discussão sobre Orçamento

A fala de Heleno foi captada em transmissão ao vivo da Presidência da República em cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio do Planalto na manhã de terça


Por Folhapress Publicado 19/02/2020

A dificuldade em chegar a um acordo sobre a divisão do dinheiro dentro do chamado Orçamento impositivo elevou a temperatura entre Palácio do Planalto e Congresso nesta terça-feira (18).

Pessoas próximas ao presidente Jair Bolsonaro chegaram a chamar de “golpe do parlamentarismo branco” a insistência dos congressistas em ficar com a gestão de R$ 30 bilhões do total de R$ 80 bilhões do Orçamento que, pelas projeções, está livre para ser gasto em 2020.

O governo ficaria sem controle de quase metade dos recursos disponíveis e também do cronograma de gastos dessa fatia. Ao perder a gestão dessa parcela expressiva do Orçamento, haveria brecha para dois problemas: ser pressionado pelo Congresso a gastar quando não pode ou ser obrigado a negociar a liberação do dinheiro, o que politicamente deixaria o governo Bolsonaro ainda mais frágil diante do Legislativo.

Está sendo rascunhada uma nova divisão em que o Congresso ficaria com algo entre R$ 19 bilhões e R$ 15 bilhões para cobrir emendas dos parlamentares.
Também esteve na pauta a necessidade de o governo enviar a reforma administrativa e de o Congresso agilizar a tramitação de suas propostas de reforma tributária.

Da parte do governo, os imbróglios foram temas de um encontro no final da tarde desta terça (18). Entre os presentes estavam Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o general Augusto Heleno, da Segurança Institucional, e Luiz Carlos Ramos, da Secretaria de Governo.

O mais nervoso com a situação era o general Heleno, que considera inadmissível o que qualifica de chantagens do Legislativo para avançar sobre o dinheiro do Executivo: “não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se.” Heleno defendeu que o presidente deixasse claro à população que está sofrendo uma pressão e “não pode ficar acuado”.

A fala de Heleno foi captada em transmissão ao vivo da Presidência da República em cerimônia de hasteamento da bandeira no Palácio do Planalto na manhã de terça.

À noite, uma reunião com representantes dos dois Poderes, na residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, tentou alinhar um acordo para a solução das pendências. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, Ramos e Guedes estavam entre os presentes. Heleno não compareceu.

Definições, porém, ficaram para depois do Carnaval.

A União tem cerca de R$ 1,5 trilhão destinado a atender programas públicos, ministérios, Previdência, gastos com pessoal e investimentos, por exemplo. No entanto, 97% dos recursos estão carimbados, ou seja, têm destino definido em lei e não podem ser remanejados livremente. Neste ano, a previsão é que estarão disponíveis apenas R$ 80 bilhões -e é a divisão dessa parca parcela que causa toda a discórdia.

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