Moro nega ‘anormalidade ou direcionamento’ em troca de mensagens com Dallagnol
Moro lamentou o que chamou de "falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores"
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, negou que nas mensagens trocadas com o procurador Deltan Dallagnol, divulgadas neste domingo (9) pelo site The Intercept Brasil, haja “qualquer anormalidade ou direcionamento” da sua atuação como juiz.
Mensagens atribuídas a Moro e a Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, mostram que os dois trocavam colaborações quando o ex-juiz estava à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba.
De acordo com o site, o conteúdo das mensagens indica que Moro interferiu na atuação da força-tarefa, sugerindo que Dallagnol invertesse a ordem de operações e dando a ele pistas de investigação.
“Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”, diz Moro, em nota publicada na noite deste domingo.
O Intercept informou que obteve o material de uma fonte anônima, que pediu sigilo. O pacote inclui mensagens privadas e de grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram de 2015 a 2018.
Em sua nota, Moro lamentou o que chamou de “falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores”.
O jornalista Glenn Greenwald, fundador e editor do Intercept Brasil, disse à Folha de S.Paulo que o site respeitará o direito ao sigilo da fonte que repassou as conversas e que, por isso, não pode detalhar a origem do material.
Ele afirmou, no entanto, ter “absoluto nível de confiança” na veracidade do conteúdo.
Greenwald disse ainda que a obtenção do material não tem nenhuma relação com a invasão, na terça-feira (4), ao celular de Moro. O próprio ministro afirmou que nenhuma informação foi roubada do aparelho.
“O arquivo que possuímos não tem nada a ver com esse episódio do hacker. Recebemos tudo semanas atrás. A fonte nos procurou há cerca de um mês”, disse o editor.
Mais cedo, em comunicado, a equipe de procuradores da operação chamou a revelação das mensagens de “ataque criminoso à Lava Jato” e disse que o caso põe em risco a segurança de seus integrantes.
A nota afirma que os membros do MPF (Ministério Público Federal) “foram vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes”.
“A violação criminosa das comunicações de autoridades constituídas é uma grave e ilícita afronta ao Estado e se coaduna com o objetivo de obstar a continuidade da Operação, expondo a vida dos seus membros e famílias a riscos pessoais”, diz o texto.
Leia a íntegra da nota de Moro:
“Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores. Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.
Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato.”
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