PT aposta em alianças para impor derrotas a Bolsonaro em 2020
No Rio, a estratégia é compor chapa com o Psol, em torno da candidatura de Marcelo Freixo. Partido iniciou sondagem em todos os estados
Derrotado na eleição presidencial, mas com a maior bancada na Câmara dos Deputados, o PT decidiu ceder a outras legendas de oposição cargos aos quais teria direito no parlamento pelo desempenho nas urnas. Foi o primeiro passo de uma estratégia que deve desembocar nas eleições de 2020, quando espera ter condições de compor chapas em cidades importantes. O objetivo é derrubar o bolsonarismo em locais onde o presidente teve vitórias expressivas.
Um exemplo dessa articulação é o Rio de Janeiro. Vencer as eleições na capital fluminense é prioridade do PT e, para isso, o partido tem investido na relação com o PSol, que pretende lançar como cabeça de chapa o atual deputado federal Marcelo Freixo. Ele disputou com Marcelo Crivella o segundo turno nas últimas eleições. Sem uma coligação que o desse sustentação, acabou derrotado, mas com seu nome projetado no cenário anti-Bolsonaro.
O PT agora defende que uma aliança ampla seja criada em torno do nome do deputado, e espera fazer parte dela.
“Estamos conversando, não tem resistência. A tendência é de que a gente vá com o Freixo. Nós defendemos uma aliança ampla no campo progressista”, disse Alberto Cantalice, um dos principais articuladores do partido e maior interlocutor com o PSol.
“Aqui é o lugar onde o bolsonarismo foi maior vencedor. Mas é notável a resistência ao presidente e a todas as ideias que ele vem propagando. A gente pôde perceber nas manifestações do último dia 13 de agosto. Os protestos no Rio foram maiores do que em São Paulo”, destacou Cantalice, que identifica na questão da educação um dos principais pontos fracos de Jair Bolsonaro.
Encontro na oposição
Para Cantalice, as resistências que existiram entre o PSol no Rio, liderado principalmente pelo ex-deputado Chico Alencar, e o PT acabaram se desfazendo diante do cenário com Bolsonaro.
“Eles (Psol) estiveram na oposição ao nosso governo. Agora, nós viemos para a oposição e nos encontramos. Com certeza, nossas divergências são menores que o nosso antibolsonarismo”.
Em São Paulo, o cenário é mais nebuloso. A intenção do partido é ter candidatura própria e conta com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao nome do ex-ministro da Justiça do governo de Dilma Rousseff José Eduardo Cardozo. O próprio advogado, no entanto, não quer a empreitada.
Videoconferências
O partido tem se organizado para mapear as possibilidades de derrotar o bolsonarismo em vários estados. Para isso, a presidente nacional da legenda, deputada Gleisi Hoffman (PR), e o secretário de Relações Institucionais, deputado José Guimarães (CE), comandaram uma rodada de conversas, por meio de videoconferências, nas quais ouviram as lideranças regionais da maior parte dos estados brasileiros.
Nesta primeira rodada de conversas, ainda restam ser ouvidos cinco estados (MS, AC, RR, RO e AP), em processo que deve ser concluído nas próximas semanas.
De acordo com a ex-ministra Ideli Salvatti (SC), que participa do trabalho, a sondagem inicial serviu para ver como cada diretório do partido estava fazendo a consulta de cenários, como estavam os cenários na capital e nas principais cidades de cada ente federado para as eleições de 2020.
“Apesar de ser uma sondagem bastante inicial, observamos coisas interessantes. Em vários estados, observamos grupos para pensar as questões do município, como o ‘Pensando Campo Grande’, ‘Pensando Aracaju’. Sinal de que as pessoas estão se mobilizando”, disse a ex-ministra.
Ideli ainda apontou como positivo o efeito que a proibição de coligações para as eleições proporcionais tem gerado nos municípios. “Isso tem provocado uma aliança mais programática nas coligações para majoritária”, avaliou, considerando que os partidos não mais buscarão a coligação com legendas sem afinidade ideológica, visto que isso não influenciará nas eleições para vereadores.
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