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Se Bolsonaro acredita que teve fraude, façamos novas eleições, diz Doria

Segundo o presidente, é preciso aprovar um sistema seguro de apuração de votos no Brasil


Por Folhapress Publicado 10/03/2020

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), rebateu as declarações do presidente Jair Bolsonaro de que houve fraude eleitoral em 2018 e o desafiou a se submeter a uma nova eleição ainda neste ano, junto com prefeitos e vereadores.

Doria se reuniu na tarde desta terça-feira (10) com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem discutiu reforma tributária e pacto federativo.

Para o tucano, se Bolsonaro não confia em sua própria eleição, deveria participar de outro pleito.

“Antecipemos as eleições, façamos as eleições para presidente da República junto com as eleições de prefeitos e vereadores. Se ele acredita que ela foi fraudada, que se submeta a nova eleição ou obedeça as regras. As regras estão claras”, afirmou.

Em Miami, na segunda-feira (9), Bolsonaro afirmou que houve fraude eleitoral em 2018 e que foi eleito no primeiro turno. Segundo o presidente, é preciso aprovar um sistema seguro de apuração de votos no Brasil e que, se bobear, a esquerda pode voltar ao poder em 2022.

A declaração foi feita durante um evento com apoiadores brasileiros em Miami, onde o presidente escalou seus embates e minou mais uma vez sua relação com o Congresso, a imprensa e, desta vez, com a Justiça Eleitoral.

“Pelas provas que tenho em minhas mãos, que vou mostrar brevemente, eu fui eleito no primeiro turno mas, no meu entender, teve fraude”, disse Bolsonaro.

“Temos não apenas palavra, temos comprovado, brevemente quero mostrar, porque precisamos aprovar no Brasil um sistema seguro de apuração de votos. Caso contrário, passível de manipulação e de fraudes. Então acredito até que eu tive muito mais votos no segundo turno do que se poderia esperar.”

Doria afirmou ainda que não cabe a um presidente da República estimular a participação de apoiadores em manifestações que atendam a interesse próprio.

“O presidente tem que ter isenção. Se alguém quiser se manifestar, tem esse direito, mas não induzido por redes sociais ou estimulado por manifestações da imprensa para que esse movimento seja em apoio ao presidente da República, em apoio a um sentimento partidário ou ideológico. Não é assim que se faz democracia”, criticou.

O governador qualificou como “equivocada” outra declaração de Bolsonaro, desta vez sobre a possibilidade de o Congresso rejeitar projetos sobre Orçamento Impositivo enviados pelo Executivo de forma a reduzir a adesão a protestos marcados para 15 de março em apoio ao governo.

“Ele tem canal aberto para telefonar ou marcar encontro com o presidente da Câmara Federal, com o presidente do Senado [Davi Alcolumbre, DEM-AP], e do Congresso Nacional. Você também não governa via manifestações, seja por imprensa, seja via WhatsApp. Você faz o que a democracia determina, convida para um encontro. Ele é presidente da República”, ironizou.

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