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Pará encontra vírus da poliomielite nas fezes de menino de 3 anos

O Ministério da Saúde disse que vai enviar uma equipe ao estado para acompanhar a investigação; a pasta suspeita que o caso esteja relacionado a um erro na vacinação da criança


Por Folhapress Publicado 06/10/2022
Pará encontra vírus da poliomielite nas fezes de menino de 3 anos
Foto: Grasiele Gerondi

A Secretaria de Saúde do Estado do Pará disse nesta quinta-feira (6) ter encontrado o vírus que causa a poliomielite nas fezes de um menino de três anos no município de Santo Antônio do Tauá. O caso é tratado como suspeito.


“O tipo de vírus detectado no exame é um dos componentes da vacina, não se tratando do pólio vírus selvagem, já erradicado no país desde 1994”, ressaltou a pasta, em nota.


O Ministério da Saúde disse que vai enviar uma equipe ao estado para acompanhar a investigação. A pasta suspeita que o caso esteja relacionado a um erro na vacinação da criança.


O CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) nacional deve emitir um comunicado de risco atualizado sobre o tema.


Segundo integrantes da pasta, não existe circulação do vírus no Brasil e o caso deriva de uma provável aplicação errônea da vacina. Eles dizem temer ainda que a repercussão atrapalhe na campanha de imunização contra a doença.


De acordo com nota técnica da Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, do governo paraense, o poliovírus foi isolado nas fezes da criança. O caso havia sido previamente notificado como paralisia flácida aguda (PFA).


O menino apresentou sintomas no dia 21 de agosto de 2022, com febre, dores musculares, mialgia, comprometimento e redução motora nos membros inferiores, 24 horas após receber as vacinas tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) e VOP (vacina oral contra a poliomielite).


Segundo a nota, no dia 12 de setembro de 2022, a responsável pela criança compareceu à Unidade Básica de Saúde do município, onde relatou que no dia 21 de agosto, um dia após a vacinação, o menino apresentou dor no membro inferior direito e começou a mancar. A partir do dia 10 de setembro, perdeu a força nos membros inferiores não conseguindo se manter em pé.


A Vigilância Epidemiológica municipal afirmou que, ao tomar conhecimento, realizou visita domiciliar e solicitou pesquisa de poliovírus nas fezes da criança.


Também afirma que o esquema vacinal do menino estava incompleto. Ela não recebeu as doses da VIP (vacina inativada contra poliomielite) previamente, e também possuía apenas duas doses de VOP, o que está em desacordo com as normas do PNI (Programa Nacional de Imunizações).


A coleta de fezes foi realizada no dia 16 de setembro e encaminhada ao Laboratório de Referência do Instituto Evandro Chagas. O resultado positivo saiu para Sabin Like 3 (vírus da pólio) saiu no último dia 4.


Uma equipe da vigilância epidemiológica do estado está no município para levantar e qualificar as informações, além de avaliar o quadro clínico da criança.


Segundo a nota da secretaria da saúde, outras hipóteses diagnósticas não foram descartadas, como síndrome de Guillain-Barré. “Portanto o caso segue em investigação conforme o que é preconizado no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde.”


O médico Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que como a criança havia acabado de receber a vacina Sabin, é normal encontrar o vírus nas fezes.


“Não quer dizer que ele seja o causador da paralisia. É preciso sequenciar esse vírus para ver se está íntegro, atenuado na vacina, ou se sofreu alguma reversão da sua virulência e é o causador do quadro de paralisia aguda na criança.”


Por isso, ele diz ser necessária uma investigação melhor, inclusive neurológica, e um sequenciamento genético do vírus encontrado nas fezes, para saber se o quadro tem relação com o vírus vacinal ou se a criança desenvolveu uma paralisia por outra doença e foi apenas uma coincidência ter acabado de tomar a vacina.


“Ela tinha um esquema não adequado de vacinação, tinha recebido só as vacinas orais, e não a vacina inativada [contra a pólio], como recomenda o Ministério da Saúde. É ainda um caso suspeito, não é um caso comprovado de paralisia pelo vírus vacinal.”

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