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Justiça determina retirada de vídeos com discurso homofóbico de pastor André Valadão

A medida deve ser cumprida em até cinco dias e ao todo, nove vídeos devem ser retirados do ar, entre eles, o vídeo do culto que teve como tema: "Deus Odeia o Orgulho"


Por Leticia Viganó Publicado 12/07/2023
Justiça determina retirada de vídeos com discurso homofóbico de pastor André Valadão
Foto: Reprodução/ Instagram

O Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) determinou, nesta segunda-feira (10), a retirada de vídeos do pastor André Valadão com teor que incite “violência ou discriminação” contra a população LGBTQIAP+. Os conteúdos foram publicados no Instagram e no YouTube.

A medida deve ser cumprida em até cinco dias e ao todo, nove vídeos devem ser retirados do ar, entre eles, o vídeo do culto que teve como tema: “Deus Odeia o Orgulho”. Caso os conteúdos não sejam apagados, uma multa diária de R$ 1.000 deve ser paga pelas empresas.

O conteúdo está hospedado em perfis da Igreja Batista da Lagoinha e do pastor na internet, além de veículos de imprensa.

A decisão do juiz federal José Carlos Machado atendeu parcialmente a uma ação civil pública do Ministério Público Federal de Minas Gerais, que na última semana pediu à Justiça para determinar a retirada de conteúdo da internet. Na ação, o MPF ainda pede que o pastor arque com os custos de produção e divulgação de “contrapontos aos discursos feitos, a retratação pelas ofensas, e o pagamento de R$ 5 milhões por danos morais coletivos”.

De acordo com o magistrado, o pastor “tem influência sobre um número significativo de fiéis e seguidores” e “excedeu os limites da liberdade de expressão e de crença”. Ainda segundo a decisão, a continuidade das publicações podem causar “desestabilização social” pelo “potencial homofóbico e transfóbico”.

As falas de Valadão foram registradas nos dias 4 de junho e 2 de julho, em cultos com o tema “Deus Odeia o Orgulho”, na Igreja Batista da Lagoinha, nos Estados Unidos.

ENTENDA O CASO

Durante o mês de junho, mês do orgulho LGBTQIA+, o pastor fez uma série de mensagens contra o orgulho, inclusive, um dos cultos tinha como tema “Deus Odeia O Orgulho”.

Em uma das mensagens, que foi transmitida e publicada nas redes sociais, o pastor disse que, se pudesse, “Deus mataria” e “começava tudo de novo” em relação à comunidade LGBTQIA+.

“Aí Deus fala: ‘não posso mais, já meti esse arco-íris aí, se eu pudesse eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi pra mim mesmo que não posso, então agora tá com vocês'”, disse na ocasião.

Em seguida, Valadão afirmou aos fiéis que “agora estava com eles” e que deveriam “ir para cima”. No culto, o pastor também fala sobre casamento homoafetivo e chega a associá-lo à sexualização de crianças e ainda cita factóides, como que drag queens estariam em salas de aula ensinando sexualidade.

Após a repercussão do caso o Ministério Público Federal no Acre instaurou uma investigação para “apurar possível prática de homofobia” no episódio, após representação apresentada pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão no estado, Lucas Costa Almeida Dias.

Em publicação nas redes sociais, Valadão disse que citou um trecho bíblico de Gênesis, no Antigo Testamento, “quando Deus a partir do dilúvio destrói toda a humanidade pela promiscuidade sexual e libertinagem”. Completa, dizendo, que não diz sobre matar ou aniquilar pessoas, mas “levar o homem ao princípio da vontade de Deus”.

Em nota oficial, a assessoria de Valadão afirma que ele não foi notificado da decisão judicial referente a retirada dos vídeos das plataformas digitais. Citam que na segunda-feira o “pastor divulgou manifesto em que afirma jamais ter incentivado a violência contra pessoas da comunidade LGBTQIA+. No texto, diz que sua pregação em culto realizado no dia 2 de julho, em Orlando (EUA), recorreu a uma metáfora retirada de contexto.”

‘CRISTÃOFOBIA’

Depois da polêmica, o pastor começou uma série de mensagens sobre censura. Em uma publicação nas redes sociais ele fala que “a cada dia que passa vemos leis, mídias, educação e um sistema mundial tentando acoar a verdade da fé que um cristão genuíno carrega”.

Além disso, Valadão compartilhou a hashtag #CRISTAOFOBIA em suas redes sociais, trazendo a ideia de que os cristãos são perseguidos. Os últimos posts do pastor reforçam a ideia de perseguição e censura.

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