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Funerárias relatam alta de até 20% no serviço

Representante de um dos grandes serviços funerários de São Paulo, que realizava cerca de 20 sepultamentos por dia e atingiu a média de 30 nas últimas duas semanas


Por Folhapress Publicado 31/03/2020

Último grupo da lista de trabalhadores exposta a um enfrentamento direto do coronavírus, os agentes e diretores funerários são os responsáveis pela remoção, preparação, apresentação às famílias e sepultamentos das vítimas. Nos últimos dias, eles estão sendo mais exigidos. Funerárias particulares já registram aumento na quantidade de óbitos da ordem de 10% a 20% nas últimas semanas, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.

O representante de um dos grandes serviços funerários de São Paulo, que realizava cerca de 20 sepultamentos por dia e atingiu a média de 30 nas últimas duas semanas, explicou que os números ainda são tímidos diante da percepção subjetiva dos profissionais do setor.

“O impacto maior que estamos vivendo ainda é a questão do medo. Muitos profissionais têm receio de contaminação, principalmente por causa da família”, afirmou. “Já atuamos em um setor que sofre preconceito e discriminação. Agora, ainda convivemos de perto com a preocupação do contágio”, disse.

Esse receio está presente na vestimenta do dia a dia. As luvas simples e uniformes comuns deram lugar a trajes especiais, completamente vedados, com máscaras para o rosto. Em alguns casos, até as luvas são duplas. Por baixo das antigas, os profissionais utilizam outras, cirúrgicas, para reforçar a precaução contra o contato. Álcool em gel se tornou ferramenta de trabalho.

Lourival Panhozzi, presidente do Sefesp (Sindicato das Empresas Funerárias do Estado de São Paulo), afirma que a alta é observada apenas em algumas regiões. Para ele, ainda não é uma realidade do mercado. “Esse impacto na nossa atividade ainda não é tão grande porque tivemos menos acidentes e menos cirurgias. A elevação do coronavírus acaba se equilibrando com a queda em outras ocorrências”, afirmou.

Leonardo Martins, empresário do setor funerário no Rio de Janeiro, chama a atenção para o aumento dos casos de óbito por problemas respiratórios. “Como os testes demoram muito para chegar, vários casos de pneumonia grave, que estão aparecendo com frequência, podem ser de coronavírus.”

A percepção de medo do setor privado é a mesma da esfera pública Para os funcionários do Serviço Funerário Municipal de São Paulo, a pandemia do coronavírus se resume a uma sigla específica: D3.

Todos os casos confirmados ou suspeitos de morte pela doença, como pessoas acima de 60 anos com problemas respiratórios ou outras doenças preexistentes, como diabete, recebem essa letra e esse número no atestado do serviço que acompanha todas as etapas A sigla prevê, por exemplo, velório de dez minutos, ao ar livre, com limite de até dez pessoas, e caixão lacrado.

Na manhã de segunda-feira (30), na funerária de Santana, na Zona Norte de São Paulo, esse ritual de um enterro às pressas se repetiu pelo menos três vezes em menos de uma hora.

INVESTIMENTO

A Prefeitura de São Paulo anunciou na segunda-feira o aumento da frota de veículos para traslado de corpos.

O número passou de 36 para 56 automóveis para atender o serviço funerário municipal. Dez deles são destinados para corpos de vítimas ou suspeitas da Covid-19.

O poder municipal também contratou mais coveiros. Dos 257 sepultadores dos quadros da Prefeitura, 60% foram afastados por pertencer ao grupo mais vulnerável ao coronavírus, aquele com 60 anos ou mais. Uma empresa privada vai fornecer 220 profissionais temporários. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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