San Marino oferece vacina a turista que reservar hotel
Com 61% da população totalmente vacinada e outros 35% já protegidos pela primeira dose, segundo o governo, sobram ampolas do imunizante russo Sputnik V para tentar reativar a economia
Reserve seis noites de hotel e garanta duas doses de vacina é a promoção que estará valendo a partir desta segunda-feira (17) na República Sereníssima de São Marinho, um micro-estado de 34 mil habitantes encravado no centro-norte da Itália.
Com 61% da população totalmente vacinada e outros 35% já protegidos pela primeira dose, segundo o governo, sobram ampolas do imunizante russo Sputnik V para tentar reativar a economia.
O turismo superava 20% do PIB de San Marino antes da pandemia, quando cerca de 2 milhões de pessoas por ano visitavam suas cidadelas em forma de fortalezas, encasteladas sobre os despenhadeiros de uma das mais antigas repúblicas da Europa.
Segundo o secretário de Saúde, Roberto Ciavatta, para poder receber as vacinas o viajante precisa se hospedar em San Marino por no mínimo três noites após cada dose – no caso da Sputnik V, a segunda é dada em 21 dias – “para que se possam observar quaisquer efeitos colaterais”.
Num dos principais hotéis da cidade histórica, o Cesare, a reserva de três diárias para um casal para o final de semana de 21 de maio variava de R$ 1.784 a R$ 2.455, dependendo do quarto. O turista também precisa pagar 50 euros (cerca de R$ 320) pelas duas doses do imunizante – de acordo com Ciavatta, o preço cobre o fármaco e o custo das equipes de saúde.
O turismo vacinal não está acessível por enquanto aos brasileiros, porém. São Marino não têm restrições próprias à entrada, mas para chegar até a república é preciso passar pela Itália, que no momento proíbe voos de países nos quais a pandemia não está controlada -entre eles o Brasil.
Italianos também estão excluídos do “pacote” sanmarinês, porque não há um acordo entre os dois governos, segundo o departamento de Turismo do encrave. Ainda em análise pela agência regulatória europeia (EMA), a Sputnik não teve seu uso autorizado e não é aplicada na Itália. San Marino, que não é membro da União Europeia, aplica o imunizante russo desde o começo de março.
A república chegou a ser na primeira onda da pandemia um dos estados do mundo com maior taxa de mortes por covid-19 -uma comparação que é distorcida pelo pequeno número de habitantes. A passagem na fronteira com a Itália foi fechada, com exceção apenas de residentes e casos de urgência.
No momento, segundo o secretário de Saúde, a doença está controlada, com dias sem nenhum registro de novo caso. “Até fechamos o departamento de covid que havíamos criado”, afirmou.
Aproveitar a chegada da alta estação para se recuperar da crise do coronavírus é também prioridade de países do sul da Europa – como a própria Itália, Espanha, Grécia, Portugal e Croácia-, nos quais o turismo responde por boa parte da atividade econômica.
À espera de que a Comissão Europeia lance um certificado unificado com dados sobre vacinação, testes ou recuperação de covid-19 – prometido para junho-, vários deles estão se antecipando e facilitam a entrada de viajantes a partir deste final de semana.
Também no caso desses destinos, a flexibilização não beneficia visitantes que partam do Brasil – sua entrada na União Europeia está permitida apenas em casos essenciais, além de outras restrições impostas pelos membros do bloco, como testes e quarentenas.
O governo italiano já anunciou que cidadãos da UE estarão dispensados da quarentena de cinco dias a partir deste sábado (15). No começo do mês, durante reunião do G20 dedicada ao turismo, o premiê da Itália, Mario Draghi, anunciou um “passe verde” para europeus que comprovem ter tomado duas doses de vacina ou tenham um teste para coronavírus negativo.
O governo italiano estuda como ampliar essa abertura para turistas dos EUA, que também já vacinaram parcela significativa da população. “Estamos ansiosos para recebê-lo novamente. É hora de reservar suas férias na Itália”, declarou Draghi após o encontro do G20.
Portugal reabriu neste mês sua fronteira com a Espanha, de onde vem a maior fatia de seus turistas estrangeiros, e neste domingo (16) termina o prazo em que era previsto isolamento de 14 dias para quem chegasse da França.
O país também avançou no funcionamento de cafés e restaurantes e vai manter neste ano o selo de garantia sanitária criado em 2020, que atesta que hotéis e outros estabelecimentos seguem as medidas de prevenção de contágio.
O arquipélago da Madeira foi além e instituiu um “corredor verde”: turistas que comprovarem imunização ou recuperação da covid-19 nos três meses anteriores à viagem poderão transitar sem restrições.
O sábado (15) marcará também a reabertura da Grécia ao turismo, calcada em uma campanha de vacinação agressiva, que já alcançou toda a população em cerca da metade de suas 227 ilhas habitadas, segundo o governo.
O país suspendeu em abril a quarentena obrigatória de sete dias para turistas cuja entrada é permitida e reabriu as áreas externas de bares e restaurantes.
Na Espanha, onde o estado de emergência terminou no último final de semana, regiões turísticas como as Ilhas Baleares e as Canárias apertaram seus controles para aumentar a confiança dos visitantes. Testes de PCR são obrigatórios para a entrada, mesmo de regiões espanholas com baixa incidência de covid-19.
A Croácia, um dos países da UE mais dependentes do turismo (que supera 20% de seu PIB), priorizou a imunização dos trabalhadores do setor, antes mesmo de idosos, e já anunciou que permitirá a entrada de americanos vacinados, mesmo antes da decisão sobre o certificado da UE.
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