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SP derruba obrigatoriedade do uso de máscara em ônibus, trem e metrô

Apesar da liberação no transporte público, a gestão afirma que uso ainda é recomendado, principalmente, para os grupos vulneráveis


Por Folhapress Publicado 09/09/2022
SP derruba obrigatoriedade do uso de máscara em ônibus, trem e metrô
A obrigação do uso de máscara foi determinada em 29 de abril de 2020, no início da pandemia de Covid. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O governo paulista e a Prefeitura de São Paulo anunciaram o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ônibus, metrô e trem. A nova regra vale já a partir desta sexta (9).

A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado e do Município. Apesar da liberação no transporte público, a gestão afirma que uso ainda é recomendado, principalmente, para os grupos vulneráveis, como pessoas acima de 60 anos e imunossuprimidas.

A obrigação do uso de máscara foi determinada em 29 de abril de 2020, no início da pandemia de Covid.

A flexibilização ocorre após o conselho gestor da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo, o antigo comitê científico, apontar altas taxas de cobertura vacinal, expressiva quedas nas internações pela doença e uma taxa de mortes por milhão de habitantes menor do que em países em desenvolvimento.

O secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, David Uip, disse que o quadro “dá a segurança necessária para a flexibilização do uso de máscaras neste momento”. O governo, segundo ele, vai monitorar os dados epidemiológicos de forma constante.

A coordenadora da Comissão de Doenças Respiratórias Ambientais e Ocupacionais da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), Patricia Canto, considerou a medida acertada. “Estamos praticamente no fim do inverno, entrando em um período que tende a ser de queda nas doenças respiratórias, então é um período melhor”, afirmou.

Na avaliação dela, é fundamental, no entanto, manter a cobertura vacinal alta -incluindo as doses de reforço-, submeter as pessoas com sintomas respiratórios a testes de Covid e, nos casos sintomáticos, usar máscara e álcool gel.

Para o infectologista Leonardo Weissmann, membro da diretoria da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), os indicadores epidemiológicos permitem a flexibilização, porém com cuidados. A máscara deixa de ser obrigatória, porém continua recomendada principalmente em locais fechados.

“A pandemia ainda não acabou. Enquanto houver circulação do vírus, não se pode descartar a possibilidade do surgimento de novas variantes, mais transmissíveis ou até mesmo com evolução diferente do que vimos até o momento. Sendo assim, podemos ter uma nova subida de casos. Se isso acontecer, essa medida poderá ser revertida”, disse o médico.

Segundo a Secretaria da Saúde paulista, em comparação com o início deste ano, houve mais de 90% de queda das internações por Covid. No início de fevereiro, o número de pacientes internados era 4.091. Hoje, são 363 pacientes. A média móvel de mortes caiu de 288 em 9 de fevereiro e agora, no estado, está em 27.

Nesta quarta (7), o Brasil registrou 39 mortes por Covid e 6.934 casos da doença. Com isso, o país chegou a 684.685 vidas perdidas e a 34.545.816 pessoas infectadas pelo coronavírus desde o início da pandemia.

A média móvel de mortes agora é de 94 por dia, redução de 37,74% em relação ao dado de duas semanas atrás. Já a média móvel de casos é de 10.448, o que indica queda de 31,46% se comparado com o mesmo período.

Ao todo, até terça-feira, 180.856.246 pessoas receberam pelo menos a primeira dose de uma vacina contra a Covid no Brasil. Somadas as doses únicas da vacina da Janssen, já são 170.220.345 pessoas com as duas doses ou com uma dose da vacina da Janssen.

Assim, o país já tem 84,19% da população com a 1ª dose e 79,24% dos brasileiros com as duas doses ou uma dose da vacina da Janssen. Até o momento, 102.870.101 pessoas já tomaram a terceira dose, e 28.582.051 a quarta.

Em março de 2020, com a pandemia recém-declarada, a máscara ainda estava longe dos rostos das pessoas.

Na ocasião, havia uma indicação generalizada de autoridades de saúde de que a proteção facial só deveria ser utilizada por pessoas com sintomas ou que estavam no mesmo ambiente de doentes.

Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo de 18 de março de 2020 apontava que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o então ministro Luiz Henrique Mandetta estavam, em público, com máscara, apesar das indicações contrárias -naquele momento. Também apontava o contato dos dois com uma pessoa recentemente infectada e, consequentemente, a necessidade de que estivessem em isolamento.

Havia uma corrida por máscaras e outros itens, como álcool em gel, no começo da pandemia, mesmo sem orientações oficiais para o uso.

No primeiro dia de abril de 2020, a situação, pelo menos no Brasil, já se desenhava para um mundo mais próximo do que conhecemos hoje.

“Wanderson [Oliveira, então secretário de Vigilância do Ministério da Saúde], amanhã de manhã, por favor publique isso na página do Ministério da Saúde, bem grande. Mostra o trabalho científico que já comprova que máscara para vírus de gotícula, máscara de barreira mecânica funciona muito bem. Qualquer pessoa pode fazer sua máscara de pano e utilizar porque vai funcionar e vai estar ajudando o sistema de saúde”, afirmou Mandetta, durante coletiva de imprensa.

Em seguida, o Ministério da Saúde já tinha planos para uma campanha nas redes sociais para estimular a população a fazer suas próprias máscaras de pano.

Mas foi só em maio que a obrigatoriedade das máscaras de fato começou no Brasil. No estado de São Paulo, o uso obrigatório começou em 7 de maio. No estado do Rio de Janeiro, a obrigatoriedade veio só em junho, mas a utilização já era obrigatória por lei no município do Rio desde 23 de abril.

Enquanto os comércios fechavam temporariamente na tentativa de frear a Covid e as pessoas ficavam mais em casa, para se proteger do vírus e tentar “achatar a curva”, indústrias -até mesmo algumas que faziam roupas íntimas- começaram a produzir máscaras de proteção e camelôs e outras pessoas começaram a vender os itens, que se tornaram parte do vestiário básico da população.

A utilização ficou costumeira ao ponto de, em agosto de 2020, 9 em cada 10 brasileiros afirmarem usar máscaras sempre que estão fora de casa -apesar disso, só metade afirmava ver as outras pessoas usando sempre a proteção-, segundo pesquisa Datafolha, que ouviu 2.065 pessoas de todo o país e tinha margem de erro de dois pontos percentuais.

A popularidade da proteção permaneceu alta e, em setembro de 2021, 91% avaliavam que a máscara deveria ser obrigatória enquanto a pandemia não estivesse totalmente controlada, segundo outra pesquisa Datafolha com 3.667 pessoas e margem de erro de dois pontos percentuais.


HISTÓRICO DO USO DA MÁSCARA DE PROTEÇÃO EM SÃO PAULO

– 8/9/2022
O governo paulista e a Prefeitura de São Paulo anunciaram o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ônibus, metrô e trem, a partir do dia 9 de setembro. A gestão afirma que uso ainda é recomendado, principalmente, para os grupos vulneráveis, como pessoas acima de 60 anos e imunossuprimidas.

– 31/5/2022
Com nova onda de casos de Covid no país, o Comitê de Contingência do governo paulista voltou a recomendar o uso de máscaras em locais fechados em todo estado. No entanto, não tinha caráter obrigatório.

– 14/5/2022
Decreto publicado pela Prefeitura de São Paulo acabou com a obrigatoriedade do uso de máscaras em táxis e carros de aplicativos, mas manteve no transporte coletivo e em serviços de saúde, como postos e hospitais.

– 17/3/2022
O governo paulista anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em todos os ambientes, exceto no transporte público e unidades médico-hospitalares. O equipamento ainda tornou-se opcional em ambientes como escritórios, comércio, salas de aula, academias, entre outros.

– 9/3/2022
Devido ao grande número de pessoas vacinadas (86,5% da população com ao menos uma dose e 19,2% com o 1º ciclo completo), o governo liberou o uso de máscara em locais abertos no estado de São Paulo, inclusive, os espaços ao ar livre em restaurantes e bares.

– 29/4/2020
Após o anúncio da pandemia de Covid pela OMS, o governo estadual e a Prefeitura de São Paulo anunciaram a obrigatoriedade do uso de máscaras em ônibus, táxis e carros de aplicativos de carona no estado de São Paulo, a partir de 4 de maio.

– 7/3/2020
No dia seguinte, o governo estadual ampliou a determinação para todo o estado, tornando obrigatório o uso nas ruas e comércios por consumidores, prestadores de serviço, fornecedores e funcionários.

– 6/3/2020
Nesse dia, a Prefeitura de São Paulo passou a obrigar o uso da proteção facial nos estabelecimentos comerciais da capital, exigindo o equipamento para entrada e permanência de clientes e frequentadores.

– 4/3/2020
Com o aumento de casos da Covid no Brasil, os governos estadual e municipal publicaram decretos obrigando o uso de máscaras de proteção nos transportes público e privado em todo o estado de São Paulo.

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