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Contra coronavírus, igrejas vetam que fiéis deem as mãos em missas

Quando do surgimento e agravamento dos casos da gripe H1N1, dioceses também alteraram rituais da liturgia católica


Por Folhapress Publicado 02/03/2020

Com a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país, a orientação da igreja passou a ser: ninguém segura na mão de ninguém. Arquidioceses e dioceses mudaram o ritual litúrgico das missas com o objetivo de evitar uma possível contaminação pela doença. 

Além de vetarem ou recomendarem que os fiéis não deem mais as mãos durante a oração do Pai-Nosso, igrejas de todo o país decidiram suspender também o abraço da paz e passaram a entregar as hóstias aos frequentadores das missas apenas em suas mãos, não mais nas bocas. 

O primeiro caso foi confirmado no país na última terça-feira (25), e o segundo, neste sábado (28). Após Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) divulgar, na última quinta-feira (27), o surgimento do primeiro caso suspeito da doença na cidade, a Arquidiocese local emitiu um decreto, assinado pelo arcebispo dom Moacir Silva, determinando as alterações no ritual das celebrações. 

Além da doença, o religioso citou no documento, válido para 85 paróquias de 20 cidades da área de abrangência da Arquidiocese, a campanha da fraternidade deste ano, “que nos convoca para ter cuidado com a vida, dom e compromisso”.

O caso investigado em Ribeirão é de um homem de 42 anos que ficou 30 dias no norte da Itália e voltou com mal-estar, febre e coriza. Já em Salvador, o arcebispo dom Murilo Krieger divulgou na última sexta-feira (28) documento em que pede ainda que sacerdotes, diáconos e ministros da Sagrada Comunhão que também incentivem que todos estejam atentos às orientações das autoridades e profissionais da saúde. 

A avaliação de religiosos é de que as alterações não reduzem a validade ou sentido das celebrações e que o abraço da paz deve ser substituído pelo fortalecimento dos sentimentos de bem-querer ao próximo. 

Em Colatina (ES), o bispo dom Joaquim Wladimir Lopes Dias ainda incluiu nas recomendações que, em salas e templos climatizados, o ar-condicionado (modo frio) seja regulado para uma temperatura que seja a mais próxima possível da ambiente e que, em locais sem climatização, o espaço seja mantido o mais aberto e ventilado possível. 

“Essas medidas são necessárias neste momento e manifestam o compromisso da Igreja em defesa da vida e pelo bem-estar de nosso povo. Pedimos atenção a todos quanto ao cumprimento dessas recomendações em nossas ações litúrgicas e sacramentais. É dever de todos nós ajudar a combater essa enfermidade que ameaça a nossa saúde, especialmente dos mais idosos”, diz o religioso. 

Outras arquidioceses a adotarem as mudanças são as mineiras de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Uberaba. “Na oração do Pai-Nosso, no lugar de unir as mãos, seja cultivado com mais intensidade o compromisso com a fraterna comunhão”, diz trecho divulgado pela Arquidiocese da capital mineira. 

Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba, disse que as orientações devem ser observadas durante as missas ou em aglomerações de pessoas, “evitando determinadas atitudes que possam comprometer a vida”. “Nosso desejo é que todos tenham vida e a tenham em abundância, como nos ensinou o Senhor”, disseram dom Gil Antônio Moreira, arcebispo de Juiz de Fora, dom José Eudes Campos do Nascimento, bispo de São João Del-Rei, e dom Edson José Oriolo dos Santos, bispo de Leopoldina, em comunicado aos fiéis. 

A medida tomada pelas igrejas já foi adotada em outro momento de preocupação com a saúde pública no país. Quando do surgimento e agravamento dos casos da gripe H1N1, dioceses também alteraram rituais da liturgia católica em cidades como Aparecida, Franca e Taubaté. 

Segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) as arquidioceses e as dioceses devem indicar as normas a serem observadas em sua área de atuação fazendo as recomendações necessárias e observando a realidade de cada lugar.

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