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Risco de morrer com o novo coronavírus em Wuhan, na China, é de 1,4%, diz estudo

De acordo com os autores, o índice aferido é "substancialmente menor do que o previsto anteriormente"


Por Folhapress Publicado 19/03/2020
Foto: Reprodução

Um novo estudo, publicado na revista científica Nature nesta quinta-feira (19) sugere que o risco de morrer pelo novo coronavírus em Wuhan, onde o patógeno surgiu, é de 1,4%.

De acordo com os autores, da China e dos EUA, o índice aferido é “substancialmente menor do que o previsto anteriormente”. Outros estudos estimaram esse risco entre 2% e 3,4%.

Para pessoas infectadas sintomáticas com menos de 30 anos, o risco de morte identificado foi de 0,6%, enquanto aquelas com mais de 59 anos e que apresentam sintomas têm 5,1% de chance de morrer.

Determinar o risco de morte por coronavírus em Wuhan é importante porque oferece um retrato da epidemia desde o começo, quando os médicos ainda não sabiam exatamente como tratar pessoas com um novo vírus e os hospitais estavam sobrecarregados com doentes.

O estudo “Estimating clinical severity of Covid-19 from the transmission dynamics in Wuhan, China” foi produzido por cientistas da Universidade de Hong Kong e da Escola de Saúde Pública de Harvard, em Boston.

O grupo usou dados atualizados em tempo real com informações obtidas também em fontes alternativas para chegar ao resultado e facilitar tomadas de decisão pelo poder público.

Com o sistema de saúde de Wuhan sobrecarregado, os pesquisadores optaram por usar os dados públicos consolidados divulgados pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) da China e outros estudos publicados anteriormente, incluindo as informações de faixa etária e de viajantes.

“Usamos a prevalência de infecção em viajantes (tanto em voos comerciais antes de 19 de janeiro como em voos fretados de 29 de janeiro a 4 de fevereiro) para estimar a verdadeira prevalência de infecção em Wuhan; também usamos os números de casos de Wuhan apenas dos primeiros 425 casos para estimar a taxa de crescimento da epidemia (assumindo que a proporção de apuração fosse constante entre 10 de dezembro de 2019 e 3 de janeiro de 2020)”, indica o estudo.

Membros da equipe médica de Henan posam para foto antes de partirem para Wuhan, na província de Hubei, no centro da China, em 19 de março de 2020.

Em outras regiões do país os resultados são ainda melhores por causa do isolamento aplicado pelo governo chinês. Fora de Hubei, província onde fica Wuhan, o risco de morte em 29 de fevereiro, segundo os pesquisadores, era de 0,8%.

A melhor apuração dos casos confirmados também foi citada como fator na queda do número de pessoas infectadas e, consequentemente, de casos graves.

Isso porque a medida facilita o isolamento dos contactantes que poderiam carregar o vírus e espalhá-lo.

A maior parte dos casos constatados são de pessoas mais velhas, segundo os autores, porque essa população é foco das investigações e dos testes diagnósticos de confirmação por fazerem parte do grupo de risco para agravamento da doença.

Os pesquisadores apontam que uma das principais medidas para impedir que o vírus se espalhe é o achatamento da curva da epidemia, “reduzindo o pico de demanda nos serviços de saúde e ganhando tempo para desenvolver melhores formas de tratamento”.

Caso isso não seja feito, os pesquisadores estimam que entre um quarto e metade da população de Wuhan seja infectada.

Nesta quarta (18), a China informou que não registrou nenhum novo caso de transmissão local pela primeira vez desde que o vírus surgiu em dezembro de 2019. Apesar disso, não há garantias de que o país se mantenha sem transmissão local.

Todas as 34 novas infecções por coronavírus registradas na China na quarta foram confirmadas em pessoas que chegaram do exterior. Até esta quinta, o país tinha mais de 81 mil casos e cerca de 3.130 mortes

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